Mulheres mais maduras, com certeza, já ouviram falar sobre a síndrome do ovário policístico ou SOP.
A condição que afeta de 6% a 16% das mulheres em idade reprodutiva (segundo dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) é caracterizada por 3 critérios diagnósticos: desequilíbrios hormonais, ciclos menstruais irregulares e o desenvolvimento de cistos nos ovários.
Considerando os impactos no bem-estar e na saúde feminina, entenda o que é a síndrome do ovário policístico, suas causas, sintomas e as principais formas de tratamento.
Seguindo a leitura, descubra nutrientes que podem desempenhar um papel complementar no tratamento e alívio dos sintomas.
O que é a síndrome do ovário policístico?
A síndrome do ovário policístico – SOP é um distúrbio endócrino-ginecológico que pode afetar mulheres em idade fértil. Essa condição se dá a partir de distúrbios hormonais, tendo como critérios para o diagnóstico os níveis elevados de andrógenos, disfunção ovulatória e presença de cistos nos ovários.
Em decorrência dessas alterações, é possível perceber uma série de sintomas físicos e emocionais que afetam a saúde e a vida das mulheres, e que vamos detalhar no decorrer do artigo.
Qual a diferença entre ovário policístico (OP) e síndrome do ovário policístico?
É importante destacar que existe diferença entre ter ovário policístico e ter SOP. A primeira está ligada à presença de múltiplos cistos nos ovários, indicando uma alteração anatômica, porém, não é indicativo de todas as alterações metabólicas observadas na SOP e não deve ser considerada uma patologia isoladamente. Além disso, a prevalência de OP parece estar relacionada à idade, de modo que é mais comum em mulheres mais novas.
Já a SOP acontece quando existe essa diferença anatômica em conjunto com uma série de sintomas que indicam, também, a desregulação dos hormônios. Ou seja, ter OP nem sempre é um indicativo de síndrome do ovário policístico, mas é considerado um dos critérios para o diagnóstico.
Essa avaliação e diagnóstico são feitos, inclusive, com base em alguns sintomas específicos juntamente com a avaliação de exames.
Quais os principais sintomas da SOP?
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- Alterações no ciclo menstrual: algumas mulheres apresentam irregularidades no ciclo menstrual, como fluxo aumentado, diminuído ou menstruação ausente por alguns períodos.
- Aumento dos pelos no rosto: além do rosto, os pelos podem surgir no abdômen e nos seios.
- Cistos no ovário: a presença de cistos no ovário, verificados por ultrassonografia, é um dos critérios para o diagnóstico da condição.
- Resistência à insulina: esse hormônio está relacionado à produção de andrógenos, e o quadro de hiperinsulinemia pode estimular ainda mais a produção de androstenediona e de testosterona, uma das características centrais da SOP. Além disso, a insulina também estimula a lipogênese, contribuindo para o acúmulo de gordura corporal.
- Ganho de peso: o excesso de insulina circulante, associado à disfunção hormonal e à inflamação de baixo grau, leva ao aumento da gordura corporal, principalmente na região do abdômen.
- Acne: formas persistentes e graves de acne, como a cística, também podem ser frequentes, e estão associadas às alterações hormonais da SOP.
- Instabilidade emocional: a alteração hormonal pode impactar nas questões emocionais relacionadas à autoestima, bem-estar e até à depressão.
- Infertilidade: as alterações hormonais da doença podem fazer com que algumas mulheres tenham dificuldade para engravidar.
Quais são as causas da síndrome do ovário policístico?
As causas da SOP ainda estão sendo pesquisadas e acredita-se que podem ser multifatoriais, tendo influência de fatores genéticos e ambientais. Alguns estudos dão indícios de possíveis gatilhos para o desenvolvimento da síndrome, como:
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- Genética: estudos apontam para os genes herdados como uma das causas. Em um deles, foi identificado que 25% das mulheres analisadas com SOP têm mães com a doença.
- Resistência à insulina: além do seu papel no metabolismo da glicose, a insulina também é importante para a produção de testosterona. Quando há resistência, a produção de insulina aumenta e promove um desequilíbrio capaz de parar a liberação de óvulos e desregular o ciclo menstrual.
- Inflamação: um corpo inflamado também produz insulina além do necessário, ocasionando o processo citado no item anterior. Vale lembrar que a inflamação pode se dar por diferentes questões, como genética, estresse e obesidade.
Como a síndrome do ovário policístico pode impactar a saúde?
A SOP tem efeitos que se estendem por todo o organismo e, por isso, os primeiros impactos para a saúde feminina são sintomas como os distúrbios menstruais, a acne, o crescimento excessivo de pelos, o desequilíbrio emocional e uma maior probabilidade de infertilidade, por exemplo.
Além disso, as evidências destacam que a síndrome do ovário policístico pode desencadear diversas outras condições de saúde a longo prazo, principalmente quando não é feito o tratamento adequado.
Veja os principais quadros que podem ter maior prevalência em mulheres com SOP:
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- Síndrome metabólica: mulheres com SOP têm um maior risco de desenvolver síndrome metabólica, que é caracterizada por resistência à insulina, obesidade abdominal, hipertensão arterial e níveis elevados de colesterol.
- Diabetes tipo 2: a resistência à insulina associada à SOP aumenta o risco de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo do tempo.
- Doenças cardiovasculares: mulheres com SOP têm um risco aumentado de doenças cardiovasculares, incluindo doença cardíaca coronária, devido à associação com fatores de risco como resistência à insulina, obesidade e dislipidemia.
Cuidados integrativos
É importante que as mulheres com SOP recebam um cuidado abrangente que aborda não apenas os sintomas físicos, mas também os riscos para a saúde a longo prazo e os aspectos emocionais da condição.
O tratamento geralmente envolve uma combinação de mudanças no estilo de vida, medicamentos para controlar os sintomas e, quando apropriado, intervenções para ajudar na concepção.
Como tratar a síndrome do ovário policístico?
O tratamento da síndrome do ovário policístico é realizado com base nos sintomas e nas queixas de cada mulher. Por isso, cada caso precisa ser avaliado individualmente com ginecologista ou endocrinologista para determinar qual a melhor estratégia a ser adotada.
Entenda quais as principais formas de tratamento:
Acompanhamento médico
O primeiro passo para um tratamento efetivo é recorrer ao atendimento médico.
Em geral, esse acompanhamento pode ser feito de forma multidisciplinar, combinando os atendimentos com ginecologista e endocrinologista. Isso, porque a SOP é um distúrbio que afeta a saúde feminina de diversas formas, o que, em alguns momentos, pode necessitar de diferentes intervenções, que vão desde mudanças no estilo de vida até uso de medicamentos em alguns casos.
Mudanças no estilo de vida
Uma revisão sistemática e meta-análise identificou que mulheres com SOP tendem a apresentar hábitos menos saudáveis, como sedentarismo e uma alimentação pouco nutritiva.
Em contrapartida, os estudos mostram que a perda de peso através de intervenções dietéticas de curto prazo pode melhorar a saúde reprodutiva, reduzir o hiperandrogenismo e melhorar os marcadores metabólicos em mulheres com SOP.
Modificações no estilo de vida, incluindo prática de atividade física, cessação do tabagismo, alimentação baseada em alimentos in natura e minimamente processados e redução do estresse psicossocial, são as principais estratégias recomendadas para melhorar a saúde dessas mulheres.
Nutrientes e ativos para lidar com a SOP
A nutrição é uma grande aliada para tratar os sintomas da SOP. Por isso, é interessante procurar médicos e nutricionistas para incluir adequadamente nutrientes ou ativos que ajudem a melhorar o dia a dia de quem lida com a síndrome do ovário policístico.
Ômega-3
O ômega-3 é um tipo de gordura poli-insaturada saudável que possui vastas funções em todo o organismo. Com relação à SOP, os estudos indicam que esse nutriente pode ser eficaz na redução de alguns sintomas.
Os ácidos graxos ômega-3 podem agir melhorando a resistência à insulina, reduzindo o colesterol total, os triglicerídeos e o LDL-C. Assim, pode ser indicado como um complemento do tratamento para mulheres com síndrome do ovário policístico que apresentam algum desses sintomas em decorrência da SOP.
Vitamina D
Há indícios de que a deficiência de vitamina D pode ser comum em mulheres com síndrome do ovário policístico. Dessa forma, os estudos indicam que a suplementação dessa vitamina pode ser eficaz na redução dos níveis de andrógenos, na melhora da qualidade do endométrio e no aumento das chances de gravidez.
Ainda, destacam efeitos positivos na qualidade dos embriões, na receptividade endometrial e na resistência à insulina, resultando em maior probabilidade de gravidez em mulheres com SOP.
Vitaminas do complexo B
De acordo com os estudos, é possível destacar que algumas vitaminas do complexo B, principalmente a B6, a B12 e o ácido fólico (B9), podem ser eficazes no tratamento complementar da SOP. É destacado que esses nutrientes agem diminuindo os níveis de homocisteína, substância que pode estar ligada a riscos cardiovasculares e reprodutivos na síndrome do ovário policístico.
Vitamina B12 e ácido fólico
São duas substâncias que também já demonstraram efeito na melhora da resistência à insulina. Isso, porque a deficiência da vitamina B12 agrava a obesidade e a resistência à insulina, sendo que a sua suplementação, quando necessária, pode contribuir com o tratamento.
Ainda, o ácido fólico administrado com a B12 tem ação sinérgica e pode ajudar também na prevenção de anemia, colaborando com a produção de glóbulos vermelhos do sangue.
D-chiro-inositol
Os inositóis, como o D-chiro-inositol, são usados no processo de sinalização de insulina e regulação da ovulação.
Pesquisas que testaram a aplicação dos inositóis para o tratamento de SOP apresentaram melhorias na qualidade dos ovócitos e embriões, além de aumentar as taxas de gravidez. Além disso, também já foi relatada melhora nos níveis de insulina e diminuição dos hormônios andrógenos em mulheres com SOP que fizeram o uso dessas substâncias.
Assim, o uso de D-chiro-inositol ajuda a regular a produção de hormônios e os ciclos menstruais.
Resveratrol
O resveratrol é um composto vegetal que protege as plantas e é produzido em resposta ao ataque de bactérias ou fungos. Também pode ser encontrado na casca de algumas frutas, como o mirtilo e a uva, e em oleaginosas, como o amendoim.
Um ensaio clínico randomizado e controlado observou que a suplementação de resveratrol em mulheres com SOP por três meses diminuiu significativamente os níveis de hormônios androgênicos, como a testosterona, além de reduzir a insulina circulante e aumentar a sensibilidade à mesma.
Por fim, é fundamental destacar que o uso de qualquer nutriente ou medicamento para o tratamento da SOP deve ser feito exclusivamente mediante avaliação e prescrição de um profissional. Se você se identificou com o conteúdo, converse com o profissional que lhe acompanha e conte com a Essentia Pharma para manipular os seus medicamentos.