Viver mais e melhor é o desejo de muitas pessoas e, para isso, vale se inspirar no estilo de vida dos moradores das Blue Zones, regiões espalhadas pelo mundo que se destacam pela longevidade dos seus habitantes.
Siga com a leitura e entenda o que são as Blue Zones, onde estão localizadas e descubra os segredos relacionados à saúde e à felicidade que são praticados por quem vive nesses lugares.
As Blue Zones, ou zonas azuis, são cinco regiões do planeta conhecidas por sua longevidade. Nessas comunidades, as populações são caracterizadas por terem o tempo de vida médio de 90 anos, e por possuírem baixos índices de doenças e condições de saúde inerentes à terceira idade, que no Brasil, por exemplo, afeta cerca de 70% da população idosa.
As principais características dessas populações englobam principalmente o estilo de vida desses residentes, como se alimentam, quais atividades físicas eles realizam e como mantêm os vínculos sociais e familiares, hábitos que podem ajudar a frear o envelhecimento.
A junção dessas características encontradas nas zonas azuis foi nomeada pelos pesquisadores como Power Nine, que são os 9 denominadores comuns das 5 regiões, relacionado aos costumes adotados por essas comunidades superlongevas.
A descoberta das Blue Zones foi realizada durante a produção de uma matéria que seria publicada na revista National Geographic, na qual o explorador Dan Buettner estudou essas cinco regiões, espalhadas pelo mundo, onde residem o maior número de centenários.
Ainda com a ajuda de outros pesquisadores, a matéria evoluiu para a publicação de um livro denominado Blue Zones, e atualmente é um projeto com iniciativas para inspirar e transformar outras cidades e populações a se tornarem as novas zonas azuis.
As Blue Zones estão localizadas em pequenas cidades, províncias ou comunidades, distribuídas em partes distintas do mundo.
E mesmo que os pesquisadores tenham encontrado pontos em comum entre elas, cada uma possui algumas particularidades que as tornam símbolo da longevidade.
Conheça essas regiões, suas características e alguns estudos que indicam como o estilo de vida pode interferir na saúde e na felicidade desses povos.
Nuoro é uma ilha mediterrânea na região da Sardenha, na Itália. É conhecida principalmente por ser o local com o maior número de homens centenários do mundo e por ser um povo resiliente.
A resiliência diz respeito à capacidade de passar por situações adversas com maior tranquilidade e sabedoria, vivendo o momento de tensão, mas, posteriormente, voltando à estabilidade. Pessoas resilientes podem ter mais facilidade para gerenciar o estresse e, assim, contribuir para uma baixa ocorrência de doenças mentais, favorecendo uma longevidade mais saudável física e mentalmente.
Okinawa é uma ilha do Pacífico Sul, que fica localizada no Mar da China Oriental entre Taiwan e Japão continental, e que supera a média de longevidade do país. Nessa região residem as mulheres mais longevas do mundo.
A principal característica dessa comunidade é o propósito de vida que, no Japão, tem um nome próprio: Ikigai. De acordo com as crenças que envolvem esse termo, é como se cada pessoa vivesse de acordo com os seus propósitos, um sentido maior que norteia as escolhas, os hábitos e as motivações.
Outra particularidade importante dessa população é o cuidado que têm uns com os outros, sendo mais solidários e tendo atitudes mais positivas em relação à vida, o que pode influenciar os níveis baixos de estresse nessa região.
A península de Nicoya fica localizada nas províncias de Guanacaste e Puntarenas e é conhecida por ter uma população com uma das menores taxas de mortalidade na meia-idade. A principal característica dos habitantes dessa região está relacionada com seus hábitos alimentares.
Em Nicoya, as pessoas consomem mais frequentemente alimentos de origem vegetal do que os alimentos de origem animal. E, em geral, todos os alimentos consumidos são plantados, criados ou feitos diretamente em casa.
Ainda sobre alimentação, essa população se destaca pelo baixo consumo de doces, sendo em média apenas 2 porções por mês, e pelo consumo diário de café por até 85% dos idosos dessa localidade.
Localizada no mar Egeu, a ilha de Ikaria tem uma população que é conhecida por viver até 8 vezes mais que os americanos. Além disso, é popular também pelas baixas taxas de doenças cardíacas em idosos e por não apresentar casos diagnosticados de demência na população que reside na ilha.
De acordo com um estudo realizado pela Escola de Medicina da Universidade de Atenas, foram elencados os principais hábitos adotados pelos moradores longevos de Ikaria, que são: praticar atividades físicas diárias, se alimentar de forma saudável, cochilar ao meio-dia, socializar com frequência e evitar fumar.
Além disso, a pesquisa revelou baixos índices de depressão e de doenças crônicas nessa população, o que possivelmente deve ser motivado pelo estilo de vida que proporciona baixos níveis de estresse em comparação com as populações que não fazem parte das zonas azuis.
A ilha de Loma Linda fica localizada na Califórnia e é uma comunidade composta, em grande maioria, por adventistas do sétimo dia, conhecidos por seguirem grandes lições sobre o poder da fé.
Nessa comunidade, os habitantes acreditam que direcionar um tempo para exercer a religiosidade e para cultivar a família pode ajudar a ter uma vida com mais qualidade e menos estresse.
Além disso, eles destacam a importância de evitar o consumo de álcool e de cigarro, prezando por hábitos saudáveis com uma alimentação nutritiva e com a realização de atividades físicas diariamente, como a caminhada frequente.
Unindo as principais características das comunidades que têm a população mais longeva do mundo, os pesquisadores elencaram 9 aspectos em comum que são chamados de Power Nine. Esses são basicamente os hábitos e o estilo de vida compartilhados pelos habitantes que podem favorecer a longevidade. Saiba quais são:
Os residentes das Blue Zones prezam pela movimentação livre! Não necessariamente está relacionado com a prática de exercícios físicos intensos, mas sim com a realização de atividades no dia a dia que possam favorecer a mobilidade natural do corpo.
Isso quer dizer investir em caminhadas ao ar livre, evitando o uso do carro ou de outro tipo de transporte e dando prioridade para a locomoção a pé, seja para ir ao trabalho, à padaria ou a uma atividade de lazer.
Nesse quesito, eles também defendem que a diminuição de eletrônicos ou eletrodomésticos que tiram a autonomia também pode influenciar. Os residentes das Zonas Azuis prezam por realizar eles próprios os afazeres comuns do dia a dia, como tarefas domésticas, brincar com os filhos, ir ao mercado e cozinhar, de forma manual e sem a influência de aparelhos tecnológicos.
Alguns habitantes das zonas azuis afirmam que ter um propósito pessoal traz mais sentido à vida e favorece a motivação diária para enfrentar a rotina. Para os habitantes de Okinawa, esse propósito é chamado de Ikigai e quer dizer “aquilo que faz a vida valer a pena”, e para os habitantes de Nicoya é nomeado de “plano de vida”.
É evidente que a redução do estresse no dia a dia favorece a saúde e o bem-estar pessoal, além de ajudar a diminuir os riscos de diversas condições de saúde. Para isso, os moradores dessas regiões acreditam na importância de reservar momentos do dia para tirar uma soneca, rezar ou até mesmo confraternizar com os amigos.
Essas práticas podem ajudar a reduzir os níveis de estresse e favorecer o equilíbrio emocional.
A regra dos 80% diz respeito ao controle na quantidade de alimentos ingeridos durante as refeições. De acordo com o mantra Hara hachi bu, de 2.500 anos, que é dito antes das refeições pelos moradores de Okinawa, existe a necessidade de pararem de comer quando seus estômagos estiverem 80% cheios. Essa diferença pode ser identificada no momento em que ainda não se sentem totalmente satisfeitos, mas que reconhecem que a fome já foi saciada.
Essa prática lembra também de colocar atenção total na refeição, como na técnica de mindful eating, por exemplo, em que a proposta é aproveitar por completo o momento da refeição, mastigando lentamente e por mais tempo, honrando os alimentos que estão sendo consumidos, evitando a ingestão exagerada e respeitando os sinais de saciedade do seu próprio corpo.
Até 90% do cardápio das populações das Blue Zones é composto por frutas, vegetais e alimentos naturais e saudáveis. Os residentes defendem que os alimentos essenciais para a nutrição do organismo são majoritariamente de origem vegetal, e a carne vermelha, na maioria das vezes, é consumida apenas 5 vezes ao mês.
Os grupos de centenários não deixam de ingerir bebidas alcoólicas, porém, reconhecem a importância de consumir álcool com moderação e segurança para que isso não traga malefícios para a saúde. Eles consomem, em média, 1 a 2 copos por dia, geralmente de vinho, com os amigos ou durante alguma refeição.
Uma das tradições dos moradores dessas regiões consiste em dar prioridade aos familiares e valorizar os amigos. Isso significa se comprometer e se dedicar nos cuidados dos laços afetivos com os pais, avós, filhos e amigos, investindo tempo de qualidade, amor, respeito e carinho nessas relações.
A troca de sentimentos positivos e o afeto entre os familiares e demais grupos sociais que pertencem é capaz de auxiliar no manejo do estresse, facilitando o enfrentamento de possíveis problemas que possam surgir e funcionando com um recurso externo para o equilíbrio dos sentimentos.
Seja qual for a religião ou a crença que cada um segue, os residentes das zonas azuis valorizam a importância da manifestação da fé, o ato de acreditar em algo maior e exercer a sua espiritualidade. Acredita-se que até 98% dos centenários pertenciam a alguma comunidade religiosa, independente da doutrina.
Os habitantes das Blue Zones acreditam que estar ao lado de pessoas que tenham uma boa afinidade com você, além de apresentarem hábitos de vida saudáveis que combinam com os seus, pode aumentar suas chances de ter uma vida melhor.
Isso acontece porque, naturalmente, o ambiente que vivemos e o grupo ao qual pertencemos são bastante influentes para as decisões que tomamos ao longo da vida e em como resolvemos os problemas que surgem.
Por isso, cercar-se de boas companhias que possam lhe oferecer apoio e cuidado é um dos fatores importantes que podem favorecer uma vida mais longeva.
Assim, é possível perceber que os aspectos que tornam essas comunidades parte das Blue Zones giram em torno de atitudes diárias que podem ajudar a diminuir o estresse, favorecer as relações interpessoais e potencializar a saúde, possibilitando uma vida mais longa.
Aqui na Essentia Pharma cultivamos os cinco pilares para uma longevidade saudável, hábitos que ajudam a viver a vida com qualidade, saúde e bem-estar. Siga a leitura no blog para saber mais.
Referências:
Buettner D, Skemp S. Blue Zones: Lessons From the World’s Longest Lived. Am J Lifestyle Med. 2016 Jul 7;10(5):318-321. doi: 10.1177/1559827616637066. PMID: 30202288; PMCID: PMC6125071.
Panagiotakos DB, Chrysohoou C, Siasos G, Zisimos K, Skoumas J, Pitsavos C, Stefanadis C. Sociodemographic and lifestyle statistics of oldest old people (>80 years) living in ikaria island: the ikaria study. Cardiol Res Pract. 2011 Feb 24;2011:679187. doi: 10.4061/2011/679187. PMID: 21403883; PMCID: PMC3051199.
Newsletter + Guia sobre resiliência
Assine a newsletter e receba o e-book “Guia sobre resiliência: a relação com o estresse e dicas práticas”. Exclusivo para assinantes.
Quero assinar