O ácido ascórbico, mais conhecido como vitamina C, é um nutriente essencial para o bom funcionamento do organismo. Por conta da sua potente ação antioxidante, essa substância tem funções que vão desde o equilíbrio do sistema imunológico até a saúde e aparência da pele.
Descubra a seguir suas principais funções, por que essa vitamina é tão importante e onde pode ser encontrada.
O que é o ácido ascórbico?
Ácido ascórbico é o nome da estrutura química da vitamina C, um nutriente essencial com forte ação antioxidante. Ele ajuda a proteger as células contra os danos causados pelos radicais livres, participa da produção de colágeno e auxilia na absorção de ferro. Como o corpo não consegue produzi-lo, ele deve ser obtido por meio da alimentação ou suplementação.
Em alguns produtos e suplementos, é comum encontrar a vitamina C descrita justamente como “ácido ascórbico”, indicando que a sua forma química é utilizada na formulação.
A descoberta dessa vitamina está diretamente ligada à compreensão e ao tratamento do escorbuto, uma condição comum em marinheiros no século XX – cujos sintomas incluem sangramento na gengiva, fadiga e dores articulares – por conta da falta de frutas e vegetais frescos na alimentação. Em 1747, foi percebido que frutas cítricas preveniam a doença. Anos depois, o composto responsável pela prevenção foi isolado e chamado de ácido ascórbico.
Para que serve o ácido ascórbico (vitamina C)?
Amplamente estudado por seu papel na imunidade, as funções do ácido ascórbico vão além: ele participa de diversos processos essenciais no organismo, contribuindo também para a cognição, a saúde bucal e o cuidado com a pele. A seguir, confira o que a ciência destaca sobre os efeitos desse nutriente na saúde.
Atua no sistema imunológico
Um dos papéis do ácido ascórbico está relacionado ao sistema imunológico: ele pode atuar tanto nas defesas iniciais (imunidade inata) quanto nas de longo prazo (imunidade adaptativa).
As evidências explicam que isso acontece porque ele age na proteção da pele e das mucosas contra microrganismos, combatendo os radicais livres causados pelo ambiente (como poluição e raios UV) e se acumulando em células de defesa chamadas neutrófilos, tornando-as mais eficazes em encontrar, atacar e destruir invasores.
Além disso, ajuda no processo de “limpeza” dessas células após uma infecção, reduzindo o risco de inflamações e danos nos tecidos. Também parece favorecer o desenvolvimento e a multiplicação das células de defesa B e T, que produzem anticorpos e coordenam a resposta imunológica.
Quando os níveis de vitamina C ficam baixos no organismo, o corpo pode ficar com a imunidade enfraquecida, aumentando a chance de infecções. Além disso, durante uma infecção, o organismo consome mais vitamina C, o que pode reduzir ainda mais os níveis desse nutriente, fazendo com que seja necessário aumentar sua ingestão.
Regula doenças autoimunes
Pesquisas mostram que o ácido ascórbico pode ter um papel importante também em doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide. Nessas condições, o sistema imunológico ataca o próprio corpo, gerando inflamação e danos aos tecidos.
Níveis equilibrados de vitamina C parecem ser importantes nesse contexto, devido ao seu papel no equilíbrio da resposta imunológica e também na redução do estresse oxidativo, condição comum em doenças autoimunes. A vitamina C pode ajudar a equilibrar essa resposta exagerada do sistema imune e reduzir o estresse oxidativo, que piora o problema.
Auxilia no tratamento de infecções virais
Evidências mostram que a vitamina C oral pode ajudar a aliviar sintomas de infecções respiratórias virais agudas (ARI), como febre, calafrios, dor no peito e crises de asma provocadas por resfriados. Já a vitamina C intravenosa (IV) pode reduzir a necessidade de medicamentos para pressão e o tempo de ventilação mecânica em pacientes internados e gravemente doentes.
Quando combinada ao zinco em suplementos, especialmente em pessoas resfriadas, pode ser uma opção contra o resfriado comum. Estudos mostram que essa junção, quando administrada por cinco dias ou mais, reduz a duração da coriza e, ao analisar os resultados em conjunto, apresentou melhor alívio dos sintomas em cinco dias, com boa tolerância.
Atua no manejo da dor após infecção por herpes-zóster
Pessoas com neuralgia pós-herpética (NPH) – dor crônica após herpes-zóster, apresentam níveis mais baixos de vitamina C no sangue. Estudos mostraram que a vitamina C intravenosa eleva seus níveis e reduz a dor espontânea em comparação ao placebo. Esses achados sugerem que a deficiência de vitamina C pode estar ligada à intensidade da dor na NPH.
Auxilia no tratamento da Covid-19
Por conta das suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e antivirais, o ácido ascórbico tem sido estudado como adjuvante no tratamento da Covid-19.
Pesquisas sugerem que a vitamina C pode inibir a replicação viral (inclusive do SARS-CoV-2), reduzir marcadores inflamatórios e atenuar a tempestade de citocinas. Além disso, pode favorecer a função pulmonar, contribuir para a redução do tempo de ventilação mecânica em pacientes graves e auxiliar na prevenção de tromboses e complicações cardiovasculares associadas à infecção.
Em outro estudo, a suplementação de vitamina C em pacientes internados com Covid-19 grave diminuiu a mortalidade hospitalar com bom perfil de segurança e tolerância.
Exerce efeitos na cognição
Pesquisas apontam que pessoas com boa saúde cognitiva geralmente apresentam níveis mais altos de vitamina C no organismo, o que sugere um papel relevante do ácido ascórbico na saúde cerebral.
Esses estudos sugerem que o ácido ascórbico participa de processos importantes no cérebro, como a proteção ao estresse oxidativo, bem como a formação e maturação dos neurônios, a produção de mielina (camada que protege os nervos) e a regulação de sistemas ligados à memória, à atenção e ao humor.
Além disso, pesquisas apontam que ele também pode estar ligado à atenção e à chamada vitalidade mental, entendida como a energia psicológica e cognitiva necessária para manter foco, motivação e engajamento nas atividades do dia a dia.
Contribui para a saúde bucal
Evidências indicam uma forte relação entre o ácido ascórbico e a doença periodontal, também chamada de doença gengival. Trata-se de uma inflamação grave que afeta os tecidos de suporte dos dentes, como gengivas e osso alveolar, podendo levar à perda dentária se não for tratada. A doença periodontal geralmente surge como uma evolução da gengivite, que é uma inflamação mais leve da gengiva.
Os estudos mostram que a baixa ingestão ou níveis reduzidos de vitamina C no sangue estão associados a maiores riscos e progressão dessa condição. A suplementação demonstrou benefícios na redução do sangramento gengival em casos de gengivite, reforçando que o nutriente pode contribuir especialmente para a prevenção e o controle inicial da doença periodontal.
Favorece a saúde da pele
A relação entre o ácido ascórbico e a saúde cutânea já é bastante difundida. De acordo com as pesquisas, esse nutriente participa da produção de colágeno, proteína que garante a firmeza e elasticidade da pele. Também contribui para a cicatrização, ajudando a reduzir a formação de cicatrizes. Além disso, pode favorecer o clareamento de manchas e evitar o processo de formação das mesmas, pois inibe a melanogênese.
Devido à potente ação antioxidante do ácido ascórbico, estudos já mostraram que ele protege células da pele humana contra os danos causados pela radiação solar (UVB), reduzindo a morte celular, o estresse oxidativo, os danos ao DNA e a inflamação. É citado ainda que, quando aplicado antes da exposição à radiação UVB, seu efeito protetor se torna ainda mais eficiente.
Por conta dos seus efeitos promissores na saúde cutânea, é comum ser encontrado na formulação de diferentes tipos de cosméticos para a pele, como protetores solares, séruns antimanchas e hidratantes.
É aliado ao tratamento de doenças cardiovasculares
A aterosclerose é uma doença caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura nos vasos sanguíneos, como consequência de inflamação e estresse oxidativo, e é uma das principais responsáveis por problemas cardiovasculares, como infartos e derrames.
Pesquisas apontam que o ácido ascórbico, por suas propriedades antioxidantes, pode ajudar tanto na prevenção quanto no controle da evolução dessa condição. Em alguns casos, a suplementação de vitamina C pode ser necessária.
A revisão de estudos mostrou que a suplementação aumentou significativamente os níveis da vitamina na maioria dos grupos analisados: indivíduos com e sem doenças cardiovasculares. No entanto, indivíduos com a doença apresentaram, em média, níveis menores antes e após a suplementação, indicando que podem precisar de doses específicas para obter os mesmos benefícios.
Onde encontrar o ácido ascórbico (vitamina C)?
Os seres humanos não conseguem produzir o ácido ascórbico porque sofreram mutações no gene que produz a enzima essencial para a produção da vitamina. Por isso, é necessário obtê-la por meio da alimentação, como no consumo de frutas e vegetais, ou da suplementação.
Principais alimentos
Frutas e vegetais são as principais fontes de vitamina C, representando cerca de 90% da ingestão diária na população em geral. Entre eles estão:
- Goiaba;
- Laranja;
- Acerola;
- Morango;
- Mamão papaia;
- Manga;
- Kiwi;
- Brócolis;
- Couve;
- Agrião;
- Tomate;
- Pimentões.
Vale lembrar que a vitamina C é bastante sensível e pode se degradar com calor, luz, oxigênio e tempo de armazenamento, o que deve ser levado em conta ao estimar sua ingestão a partir dos alimentos.
Suplementos e manipulados
Além de estar presente nos alimentos, o ácido ascórbico também pode ser obtido em suplementos prontos ou em fórmulas manipuladas.
Na manipulação, quando há indicação, é possível personalizar a forma farmacêutica conforme a necessidade, variando entre cápsulas, soluções orais, sachês orodispersíveis, shakes em pó e outras opções práticas.
Quais as outras formas da vitamina C?
Em suplementos, alimentos e em cosméticos, a vitamina C comumente é encontrada sob a forma de ácido ascórbico. Porém, outras versões podem ser escolhidas conforme a composição ou fórmula do produto, recomendação médica ou necessidades específicas de cada pessoa (melhor tolerância digestiva, associação com minerais, maior estabilidade ou aplicações específicas).
A vitamina C pode aparecer em diferentes formas químicas além do ácido ascórbico puro. As principais são:
- Ascorbato de sódio: versão tamponada (aquela em que o ácido ascórbico foi combinado a minerais), menos ácida, indicada para quem tem sensibilidade gástrica;
- Ascorbato de cálcio: também tamponada, combina vitamina C e cálcio, com boa absorção e menor acidez;
- Ascorbato de magnésio, potássio ou zinco: formas minerais que oferecem vitamina C junto ao mineral correspondente;
- Ácido deidroascórbico: forma oxidada da vitamina C, que pode ser rapidamente convertida em ácido ascórbico no organismo;
- Palmitato de ascorbila: um derivado lipossolúvel da vitamina C, usado em cosméticos e alguns suplementos pela sua estabilidade.
Em formulações manipuladas também existe a possibilidade de optar por um blend que combina diferentes formas de vitamina C, bem como a inserção de outros nutrientes na fórmula que agem em sinergia, o que contribui para um melhor aproveitamento da vitamina no organismo.
Cosméticos
Além da suplementação, a vitamina C também é popularmente encontrada na formulação de cosméticos. Séruns faciais, cremes antioxidantes, produtos clareadores e anti-idade, bem como máscaras e loções, são alguns exemplos que podem conter essa vitamina e são voltados para a saúde da pele. E não é só ela: outras vitaminas também oferecem efeitos interessantes para a saúde cutânea. Confira nosso conteúdo sobre vitaminas para a pele e saiba mais!





