Nova pesquisa revela como as crianças que trabalham com cavalos experimentam uma redução substancial do estresse. Como souberam disso? Dosando um hormônio presente na saliva!
Este trabalho é a primeira pesquisa baseada em evidências no campo da interação humano- equino que mede uma mudança nos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, nos participantes. Os resultados foram publicados esse mês (abril/2014) no Boletim de Interação Humano-Animal da Associação Americana de Psicologia. “Nós estávamos pesquisando uma perspectiva de prevenção”, diz a psicóloga do estudo, Patricia Pendry. “E agora estamos muito interessados em otimizar a produção saudável do hormônio do estresse em crianças e adolescentes, uma vez que outras pesquisas concluíram que padrões saudáveis do hormônio do estresse podem proteger contra problemas de saúde física e mental.”
“A beleza de estudar os hormônios do estresse é que eles podem ser dosados facilmente de forma não invasiva por amostragem de saliva, e não interferir na rotina dos indivíduos”, comenta Patricia Pendry, psicóloga do estudo.
Embora os programas de interação humano-animal com cavalos, cães, gatos e outros animais de companhia foram creditados com a melhora do convívio social, auto-estima e comportamento em crianças, a pesquisa cientificamente válida para apoiar tais alegações e também uma compreensão do mecanismo que ocorre no organismo acerca dessa experiência positiva têm sido limitado.
Há três anos, o Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos começou a estimular os pesquisadores a enfrentar grandes questões sobre os efeitos da interação humano-animal no desenvolvimento da criança. Com o apoio do NIH e uma doação de US$100.000, Pendry liderou um projeto de pesquisa que envolveu os alunos em um programa de aprendizagem sobre equinos facilitado, durante 12 semanas em Pullman, Washington, EUA.
Ela se aproximou do coordenador do PATH (Palouse Area Therapeutic Horsemanship) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Washington (UEW), que oferecia um programa de equitação terapêutica há mais de 30 anos. Pendry trabalhou e montou à cavalo desde criança e readaptou-se com a equitação terapêutica, e assim começou a olhar para o seu próximo projeto de pesquisa na UEW.
Os níveis hormonais mais elevados apresentam risco à saúde
Pendry comenta que o funcionamento do hormônio do estresse é o resultado de como nós percebemos o próprio estresse, bem como a forma como lidamos com ele. “O estresse não é apenas sua experiência, mas sim como você interpreta o fator estressante”, explica a psicóloga. “Encontrar um animal menor e mais familiar pode ser menos estressante para uma criança do que dar de frente com um cavalo grande e desconhecido”, completa.
Trabalhando com os diretores do PATH, Sue Jacobson e Phyllis Erdman do Colégio de Educação da UEW, Pendry concebeu e implementou um programa pós-escola que serve 130 crianças com desenvolvimento típico, durante um período de dois anos que levava alunos da escola para o celeiro, por 12 semanas.
As crianças foram aleatoriamente escolhidas para participar do programa ou ficavam na lista de espera. Baseado em técnicas de equitação natural, fez parte do programa aulas de 90 minutos semanais para aprender sobre o comportamento do cavalo, cuidado, higiene, manipulação, montaria e interação.
Os participantes forneceram seis amostras de saliva ao longo de um período de dois dias antes e depois da duração do programa. Pendry comparou os níveis e padrões de funcionamento do hormônio do estresse medindo o cortisol. “Os resultados foram animadores”, comentou. “Notamos que as crianças que participaram do programa tinham níveis significativamente menores de cortisol durante todo o dia e à tarde, em comparação com as crianças do grupo da lista de espera”, disse a pesquisadora. “Recebemos essa notícia com animação, pois sabemos que altos níveis de cortisol basal, principalmente no período da tarde, são considerados um fator de risco alto para o desenvolvimento de psicopatologias.”
Apoio à interação entre humanos e animais
Pendry disse que o projeto experimental oferece credibilidade científica para os depoimentos dos profissionais de equitação terapêutica, de pais e crianças que relatam um impacto positivo desses tipos de programas. Além disso, ela espera que os resultados levarão ao desenvolvimento de programas alternativos que possam ser realizado após a escola.
A investigação centrou-se na prevenção, mas Pendry aposta que isso é um ponto de partida que visa olhar o impacto sobre as crianças com altos níveis de estresse e problemas de saúde físico ou mental. “Existiu o esforço do NIH para esclarecer a ciência da interação homem-animal. Agora, implementadores desse tipo de programa têm provas científicas para apoiar eu trabalho”, concluiu Pendry.
Fonte:
Washington State University. “‘Horsing around’ reduces stress hormones in youth.” ScienceDaily. ScienceDaily, 24 April 2014.
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