Um painel consultivo sobre nutrição que ajuda a moldar as diretrizes alimentares oficiais do país (Estados Unidos) aliviou algumas de suas restrições anteriores sobre gordura e colesterol e recomendou novos limites precisos sobre a quantidade de açúcar adicionado (açúcar não naturalmente presente) que se deve consumir.
O Dietary Guidelines Advisory Committee, que se reúne a cada cinco anos, seguiu o exemplo de outros grandes grupos de saúde como a American Heart Association, que nos últimos anos diminuíram as restrições ao colesterol dietético e estimularam as pessoas a cortar açúcares adicionados.
O painel disse que os americanos estavam comendo muito sal, açúcar e gordura saturada, e não alimentos suficientes que se encaixam num “padrão alimentar saudável”, como frutas, legumes, nozes, grãos integrais, peixes e níveis moderados de álcool. Os membros do painel afirmaram querer que os americanos se concentrassem menos em nutrientes individuais e mais sobre os padrões globais de comer, como uma dieta de estilo mediterrânico que está associada a menores taxas de doenças cardíacas e derrames. Também se destacou como principal preocupação a adição de açúcares. Orientações dietéticas anteriores incluíram advertências sobre comer muito açúcar adicionado, mas pela primeira vez, o painel recomendou que os americanos limitem-no a não mais do que 10 por cento das calorias diárias – cerca de 12 colheres (de chá) por dia para muitos adultos – por causa de sua ligação com a obesidade e doenças crônicas.
Os americanos consomem 22 a 30 colheres de chá de açúcar adicionado por dia, metade dos quais provenientes de refrigerantes, sucos e outras bebidas açucaradas. O painel requisitou que bebidas açucaradas devam ser removidas das escolas, e aprovou uma regra proposta pela Food and Drug Administration, que exigiria uma linha distinta dos açúcares adicionados nos rótulos nutricionais de alimentos, uma mudança que as indústrias de alimentos e de açúcar lutam contra de forma agressiva.
Muitos especialistas, incluindo alguns que não concordam com as afirmações do painel sobre o sal e gordura saturada, aplaudiram esta posição mais forte a respeito dos açúcares adicionados.
“Esse foi um dos pontos altos das orientações atuais, e algo extremamente necessário”, afirmou o Dr. Ronald M. Krauss, diretor de pesquisa de aterosclerose do Children´s Hospital Oakland Research Institute. “Há um excesso marcante da ingestão de açúcar adicionado em todas as faixas etárias em toda a população.”
Dr. Krauss, ex-presidente do comitê de diretrizes dietéticas da American Heart Association, disse que a ênfase do painel consultivo sobre padrões alimentares globais foi “um enorme passo na direção certa”. Como parte desse movimento, o painel retirou as orientações anteriores que restringia a ingestão total de gordura a 35 por cento de suas calorias diárias.
Desde que emitidas pela primeira vez em 1980, as diretrizes amplamente incentivaram as pessoas a seguir uma dieta de baixo teor de gordura, o que provocou uma explosão de alimentos processados despojados de gordura e carregados com açúcar. Estudos mostram que a substituição de gordura por carboidratos refinados, como pão, arroz e açúcar pode piorar a saúde cardiovascular, assim, as orientações incentivam os americanos a se concentrar não na quantidade de gordura que estão comendo, mas no tipo.
As diretrizes aconselham as pessoas a comer gordura insaturada no lugar de gordura saturada, o que ocorre principalmente em alimentos de origem animal.
O painel também extinguiu uma recomendação de longa data sobre a restrição da ingestão de colesterol da dieta a partir de alimentos como ovos e camarão – um reconhecimento tardio de décadas de pesquisas que mostram que o colesterol da dieta tem pouco ou nenhum efeito sobre os níveis de colesterol no sangue da maioria das pessoas.
“Por muitos anos, a recomendação sobre o colesterol foi levada adiante, mas os dados não a apoiam”, relatou Alice H. Lichtenstein, vice-presidente do painel consultivo e professora de ciência e política da nutrição na Universidade de Tufts.
Dr. Krauss disse que algumas pessoas experimentam um aumento do colesterol no sangue depois de comer gemas e outros alimentos ricos em colesterol. Mas essas pessoas formam uma minoria – aproximadamente uma pequena percentagem da população – que não justifica grandes restrições à ingestão de colesterol.
O painel consultivo não emite as orientações oficiais. O seu relatório é enviado para o Departamento de Saúde e Serviços Humanos e Departamento de Agricultura, que publica Dietary Guidelines for Americans a cada cinco anos. Ambas as agências geralmente aderem às recomendações do painel.
Embora os consumidores raramente prestem atenção direta às orientações, estas, no entanto, influenciam as dietas de dezenas de milhões de pessoas. As diretrizes moldam os menus do programa de merenda escolar, que alimentam mais de 30 milhões de crianças a cada dia de escola e programas de assistência.
O painel consultivo incluiu a dieta vegetariana como um exemplo do que é chamado de padrão alimentar saudável, observando que uma dieta baseada em vegetais é também mais sustentável, com menos impacto no meio ambiente. Mas os críticos questionaram se as diretrizes não devam se concentrar somente em saúde e nutrição.
“Parece que o comitê consultivo estava mais interessado em abordar o que está na moda do que na prestação de consultoria com base científica para a dieta do americano médio”, disse Howard Hill, um veterinário e presidente do Conselho Nacional de Produtores de Suínos.
O painel consultivo também foi criticado por seu conselho devido seu conselho contra a gordura saturada, que vários estudos recentes vão de contra. Dr. James DiNicolantonio, um cientista cardiovascular em Saint Luke’s Mid America Heart Institute, disse que a substituição de gordura saturada pelas poli-insaturadas dos óleos vegetais poderia piorar os níveis de colesterol no sangue e aumentar o risco de câncer e doenças cardíacas.
“As recomendações sobre gorduras saturadas são uma farsa”, disse ele.
Adele Hite, nutricionista e porta-voz para a organização sem fins lucrativos Healthy Nation Coalition, disse que nas décadas desde a sua criação, as orientações haviam desempenhado um papel direto na explosão da obesidade e doenças crônicas, orientando as pessoas para longe de alimentos completos e nutritivos, como carne, ovos e manteiga.
Desde os anos 80, os americanos passaram a comer mais grãos, cereais e óleos vegetais, embora geralmente reduzindo o seu consumo de carne vermelha, leite e ovos, explicou Hite, e ainda assim a população está mais gorda e mais doente do que nunca.
“Apesar da inevitável conclusão de que as orientações anteriores fracassaram de forma fundamental”, afirmou ela, “a resposta do comitê consultivo parece vir na forma de uma lista mais restrita de alimentos aceitáveis”.
Traduzido por Essentia Pharma
Autor (a): Anahad O’CONNOR
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