A obesidade está associada com um número significativo de problemas de saúde, incluindo a resistência à insulina, câncer e outros, e agora pesquisadores podem ter descoberto uma razão para tal. Enquanto a maioria de seus tecidos e órgãos envelhecem ao mesmo ritmo, certos fatores podem causar a aceleração do envelhecimento deixando você aparentar ser mais velho do que é, ou determinados órgãos ficarem mais envelhecidos do que outros – uma medida conhecida como “idade epigenética”. Um desses fatores ligados à aceleração do envelhecimento epigenético é a obesidade, particularmente em seu fígado.
A obesidade acelera o envelhecimento do seu fígado
Uma nova pesquisa descobriu que se você é obeso, seu fígado pode envelhecer mais rápido do que o resto do seu corpo, colocando-o em risco de doença crônica. Para cada aumento de 10 unidades do índice de massa corporal (IMC), a idade epigenética do fígado aumenta 3,3 anos.1
A cirurgia de obesidade não teve nenhum efeito aparente sobre a idade do fígado, mesmo quando isso resultou em rápida perda de peso. Além disso, a obesidade não pareceu influenciar no envelhecimento da gordura, músculos ou sangue – apenas do fígado.
Steve Hovath, professor de genética humana e bioestatística da Universidade da Califórnia, Los Angeles School of Public Health, e seus colegas foram capazes de medir a idade epigenética precisa de amostras de fígado usando um “relógio epigenético” que Hovath desenvolveu, baseado na metilação do DNA, um processo pelo qual um grupo metil (um átomo de carbono ligado a três átomos de hidrogênio) é adicionado à parte de uma molécula de DNA.
A metilação do DNA é crucial no funcionamento normal das células, permitindo que as elas “lembrem quem são e onde elas têm estado” e é importante na regulação da expressão gênica. Também a metilação de DNA suprime os genes para coisas que você não quer, como genes relacionados às doenças virais e outros, e, quando anormal, ela desempenha um papel crítico no desenvolvimento de quase todos os tipos de câncer.
A conexão da frutose com a obesidade e lesão hepática
A razão pela qual a obesidade pode acelerar o envelhecimento em seu fígado pode ter a ver com uma causa subjacente tanto dos danos do ganho de peso como do fígado: frutose. Você pode estar ciente de que a frutose é prejudicial quando consumida em excesso, no entanto, você pode se surpreender ao saber que a frutose é, em muitos aspectos, muito semelhante ao álcool em relação ao dano que pode fazer para o seu corpo … e seu fígado.
Ao contrário da glicose, que pode ser usada por praticamente todas as células do seu corpo, a frutose só pode ser metabolizada pelo fígado, porque o fígado é o único órgão que tem o transportador para tal.3
Desde que quase toda frutose é transportada para o fígado, e, se você tem uma dieta típica ocidental com quantidades elevadas de frutose, isto acaba danificando o fígado da mesma maneira que o álcool e outras toxinas o fazem. Na verdade, a frutose é virtualmente idêntica ao álcool em relação aos estragos metabólicos que provoca.
Segundo o Dr. Lustig, professor de pediatria na Divisão de Endocrinologia da Universidade da Califórnia, a frutose é uma “toxina crônica e dependente da dose no fígado”. E, assim como o álcool, a frutose é metabolizada diretamente em gordura – e não como energia celular, como a glicose.
A frutose como principal causa da epidemia de obesidade
A frutose não só prejudica o seu fígado; é também uma das principais causas que alimenta a epidemia da obesidade em adultos e crianças. Em ordem para você ganhar peso significativamente, você deve primeiro tornar-se resistente à leptina. A leptina é um hormônio que ajuda a regular o apetite. Quando seus níveis de leptina aumentam, ela sinaliza seu corpo que você não está mais com fome, assim você para de comer.
No entanto, à medida que você se torna cada vez mais resistente aos efeitos da leptina, você acaba comendo mais. Muitas pessoas que estão acima do peso também têm uma deficiência na capacidade do corpo oxidar a gordura, o que leva a um estado de baixa energia. A questão então é: o que impulsiona este processo básico? Por que você se torna resistente à leptina, em primeiro lugar?
Dr. Richard Johnson é o chefe da nefrologia na Universidade do Colorado e está ativamente envolvido na investigação clínica. Ao longo dos últimos 25 anos, boa parte de sua investigação (que é financiada pelos Institutos Nacionais de Saúde, EUA) tem se concentrado em frutose e doenças relacionadas à obesidade.
Sua hipótese é que, ao invés da obesidade ser conduzida pela ingestão de muitas calorias e falta de exercício, ela é sim impulsionada principalmente pela ingestão de muito açúcar refinado, especialmente de frutose.
A pesquisa do Dr. Johnson mostra claramente que o açúcar refinado (em particular a frutose) é excepcionalmente eficaz em causar a resistência à leptina em animais e é muito eficaz em bloquear a queima de gordura.
“Quando você dá frutose aos animais, eles perdem a capacidade de controlar o apetite, comem mais e fazem menos exercícios. A frutose parece estar atuando diretamente no ganho de peso”, afirma ele.
Mas sua pesquisa também revela que a frutose modifica a composição do seu corpo para mesmo quando numa restrição calórica, ocorrer o ganho de gordura corporal.
Quanto de frutose é seguro?
Quatro em cada cinco norte-americanos têm resistência à insulina e leptina. Isso inclui também as pessoas que estão acima do peso, diabéticos, hipertensos ou que tomam um medicamento de estatina. Se você se enquadra numa dessas categorias, seria prudente restringir seu consumo de frutose para cerca de 15 a 25 gramas por dia – de todas as fontes.
Aqueles que estão com peso normal e relativamente saudáveis também podem se beneficiar em reduzir a sua ingestão de frutose, particularmente de alimentos que contenham xarope de milho ou açúcar, como os efeitos da alta ingestão de açúcar e HFCS (high frutose corn syrup, ou seja, xarope de milho) podem ser cumulativos ao longo do tempo.
Frutas também têm frutose, mas contém muitos nutrientes benéficos e antioxidantes. No caso da obesidade, tem de se ter cuidado com a ingestão de frutas com teor de frutose substancial. Algumas frutas, como limões e limas, têm um conteúdo mínimo de frutose e são seguras. Outras frutas, como uva, kiwi e frutas vermelhas, também têm relativamente baixo teor de frutose e altos níveis de nutrientes. No entanto, sucos de frutas, frutas secas, e algumas frutas que são ricas em frutose (como peras, maçãs vermelhas e ameixas) devem ser consumidas com moderação.
De acordo com o Dr. Johnson, se você se exercita regularmente, uma pequena quantidade de frutose pode realmente ser muito benéfica, porque ela vai acelerar a absorção de glicose em seu intestino e melhorar o desempenho muscular. Mas isso realmente depende de como seu corpo a metaboliza. Seu corpo normalmente não consegue absorver bem a frutose. Mas, quanto mais frutose você come, mais os transportadores que permitem sua absorção no intestino estarão ‘ligados’ e mais frutose seu corpo absorverá. Crianças magras, por exemplo, tendem a absorver apenas cerca da metade da frutose que consomem, enquanto que crianças obesas que têm a doença hepática gordurosa absorvem perto de 100 por cento. Isso pode explicar melhor a obesidade estar ligada ao envelhecimento acelerado do seu fígado.
Os melhores alimentos para seu fígado
Para eliminar as toxinas e resíduos do corpo, um primeiro passo seria beber bastante água. Um guia geral é beber água o suficiente para que sua urina tenha cor amarelo pálido. Quanto aos alimentos, a combinação certa de nutrientes irá ajudar a manter o seu fígado a funcionar otimamente. Alguns dos melhores alimentos para o seu fígado foram compilados pela Rodale News e estão listados abaixo:5
E o café?
O café ganhou uma reputação negativa, devido ao seu teor de cafeína, mas muitas pesquisas sugerem ter efeitos benéficos, especialmente sobre o seu fígado. Um estudo recente revelou que pessoas que bebem três xícaras de café por dia tiveram 25 por cento menos probabilidade de ter níveis de enzimas hepáticas anormais do que aqueles que não beberam,7 e isso foi provado verdade sendo café cafeinado ou não.8 Outra pesquisa descobriu que beber duas ou mais xícaras de café por dia pode reduzir o risco de morte por cirrose hepática em 66 por cento.9
E um estudo japonês descobriu que aqueles que bebiam café diariamente, ou próximo a isto, tinham cerca de metade do risco de carcinoma hepatocelular (HCC), um tipo de câncer do fígado, do que pessoas que nunca beberam café;10 o café também está associado com fibroses do fígado menos graves, níveis mais baixos de gordura no fígado e menores taxas de progressão de hepatite C.11 Se você está interessado nos benefícios de saúde, beba o seu café preto, sem açúcar, creme ou aromas, mas se você realmente não suporta o café preto, tente adicionar alternativas não-lácteas, como leite de amêndoa sem açúcar ou de coco. Além disso, certifique-se que é orgânico para evitar mais exposição aos pesticidas.
Traduzido por Essentia Pharma
Autor: Dr. Mercola
Os artigos aqui postados não necessariamente expressam a visão da Empresa.
Newsletter + Guia sobre resiliência
Assine a newsletter e receba o e-book “Guia sobre resiliência: a relação com o estresse e dicas práticas”. Exclusivo para assinantes.
Quero assinar