A Doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa que afeta a memória e outras capacidades cognitivas de modo progressivo, trazendo desafios significativos tanto para os pacientes quanto para seus familiares.
Apesar de ser uma doença complexa, entender seus sintomas, causas e formas de tratamento pode fazer uma grande diferença no cuidado de quem enfrenta essa realidade e no suporte que é dado a ela.
Neste conteúdo, você vai entender como a Doença de Alzheimer se manifesta e os seus principais fatores de risco, além de conhecer nutrientes que podem ajudar a saúde cerebral e dicas fundamentais para os familiares. Leia!
A Doença de Alzheimer (DA) é um distúrbio neurodegenerativo que provoca o declínio cognitivo, prejudicando funções como a memória recente, a noção de tempo e espaço, e a própria fala.
Um estudo de 2017, nos Estados Unidos, estimou que mais de 6 milhões de americanos apresentaram sintomas da doença ou algum tipo de comprometimento cognitivo leve devido ao Alzheimer. E com o aumento da expectativa de vida, investigações científicas preveem que esse número crescerá para 15 milhões até 2060.
Esse quadro também se repete no Brasil. A expectativa de vida do brasileiro aumentou 40 anos nas últimas 11 décadas e isso impacta diretamente o crescimento dessas estatísticas. Uma pesquisa mostrou que, após os 65 anos, a taxa de demência pode dobrar a cada cinco anos.
O processo que dá início ao Alzheimer é complexo e multifatorial, mas é amplamente associado ao acúmulo anormal de proteínas no cérebro, especialmente a beta-amiloide (Aβ) e a tau na sua forma hiperfosforilada.
A beta-amiloide se acumula em volta dos neurônios, formando placas que interferem na comunicação celular e causam inflamação. Já a proteína tau, quando anormalmente modificada, forma emaranhados dentro dos neurônios, comprometendo a estrutura interna das células.
Esses processos resultam na perda de sinapses, morte neuronal e degeneração de áreas-chave do cérebro, como o hipocampo, responsável pela memória.
A Doença de Alzheimer pode ser classificada em dois tipos, de acordo com a idade: a esporádica, de início tardio (após os 65 anos), e a familiar, de início precoce (antes dos 65 anos).
A DA de início precoce está diretamente ligada a genes que sofreram mutações, provocando alterações nas proteínas codificadas e influenciando no aparecimento do distúrbio.
Em 1906, o médico alemão Dr. Alois Alzheimer descreveu pela primeira vez a condição “peculiar” da sua paciente Auguste. Ela apresentava profunda perda de memória, comportamento agressivo com a família e mudanças psicológicas crescentes.
Na autópsia, ele percebeu encolhimento cerebral e depósitos anormais dentro e ao redor das células nervosas da paciente.
Em 1915, o Dr. Alzheimer morreu sem suspeitar que um dia o caso de demência da sua paciente transformaria a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo e que seria alvo de grandes esforços das comunidades médica e científica para sua prevenção e tratamento.
A medicina ainda não sabe exatamente quais são as causas do Alzheimer. Embora a doença não seja considerada hereditária, evidências mostram que, quando há um polimorfismo genético em um tipo de gene específico, é possível aumentar as chances de desenvolver a doença.
Entretanto, não há uma relação direta de transmissão de uma geração para outra, mas uma predisposição para a patologia, o que, combinada a outros fatores de risco, poderá ou não desencadear o distúrbio.
Veja alguns dos principais fatores de risco para a Doença de Alzheimer:
Estudos mostram que a hipertensão na meia-idade está associada a um risco aumentado de demência, incluindo a Doença de Alzheimer: verificou-se que o aumento do número de placas amiloides e emaranhados neurofibrilares — processo que ocorre no cérebro em casos de doenças neurodegenerativas — estava associado à hipertensão.
Os autores destacam que essa relação é complexa, pois tanto a hipertensão (pressão alta) na meia-idade quanto a hipotensão (pressão baixa) tardia na velhice podem ser prejudiciais à saúde cerebral. Ainda, a ciência cita que a hipertensão crônica pode agravar os sintomas de quem já possui a doença.
Há indicativo de que a diabetes mellitus também está associada ao comprometimento cognitivo e pode contribuir para o desenvolvimento do Alzheimer. Uma análise de 17 pesquisas encontrou que o risco relativo de DA em indivíduos com diagnóstico de diabetes é 1,5 vezes maior.
Condições como resistência à insulina e níveis elevados de insulina ou glicose podem, inclusive, piorar os sintomas e a progressão da DA, pois parecem contribuir para a formação das placas beta-amiloide.
É destacado que fumantes têm de 2 a 4 vezes mais chances de desenvolver Alzheimer. Ainda, a exposição ao fumo passivo também está associada ao risco aumentado de demência e DA. Entretanto, ex-fumantes parecem ter risco de demência semelhante ao de não fumantes, o que sugere benefícios na cessação do tabagismo.
Estudos indicam que a obesidade na meia-idade, medida por parâmetros como o IMC e a relação cintura-quadril, está associada à maior chance de demência na terceira idade, independentemente da presença de outros fatores de risco.
A ligação entre esse quadro e o Alzheimer ainda é debatida, mas há evidências de que as alterações fisiopatológicas da obesidade estão associadas à maior atrofia cerebral e ao início precoce da DA.
O sintoma mais conhecido da Doença de Alzheimer é a perda da memória recente. Mas, como se trata de uma doença que avança de forma progressiva, com o tempo, outros sintomas mais graves podem aparecer, como perda da memória remota, dificuldade de orientação no tempo e espaço, irritabilidade e comprometimento da linguagem.
Confira alguns sintomas do Alzheimer:
Ainda não há um exame específico capaz de identificar o Alzheimer. Por isso, o diagnóstico atualmente é feito pela avaliação clínica e exclusão de outras doenças, através de exames de sangue e de imagem e avaliações cognitivas e neuropsicológicas – expandida ou computadorizada.
Além disso, o diagnóstico precoce é muito difícil de ser feito. Isso, porque esse quadro traz sintomas que podem se confundir com diversas outras condições e, quando aparecem os primeiros sinais, a doença já está instalada.
É importante destacar, também, que Alzheimer e demência não são a mesma coisa. O Alzheimer é o tipo de demência mais comum em idosos. A síndrome demencial, por sua vez, é um conjunto de sinais e sintomas que compreendem diferentes doenças, que têm em comum um quadro de comprometimento cognitivo e dependência de funcionalidade.
Há diferentes formas de diagnosticar a demência e, além das doenças neurodegenerativas, como a DA, outras condições, como doenças cardiovasculares, infecciosas, imunológicas ou inflamatórias podem, também, fazer parte dos critérios diagnósticos.
Como se trata de uma doença que avança de forma progressiva, o Alzheimer pode ser dividido em quatro fases: inicial, moderada, grave e terminal.
Entretanto, o distúrbio pode evoluir de maneira diferente em cada paciente, o qual necessita de cuidados e tratamentos específicos. Confira os principais sintomas de cada um dos estágios do Alzheimer:
A Doença de Alzheimer não tem cura, mas existem alguns medicamentos e opções terapêuticas indicados para retardar a progressão dos sintomas ou amenizá-los, auxiliando na qualidade de vida do paciente. Para isso, é importante consultar um médico especialista.
Além dessas opções, algumas mudanças no estilo de vida também podem ajudar. A prática de exercícios físicos, quando liberada pelo médico, aliada a uma alimentação saudável pode trazer benefícios significativos para a saúde cerebral.
Ainda, podemos citar o papel de alguns nutrientes específicos que favorecem uma mente saudável e ajudam na cognição. Entretanto, é importante lembrar que o uso de qualquer ativo por meio de suplementos prontos ou manipulados deve ser feito apenas mediante recomendação de um médico ou nutricionista.
O ômega-3 exerce efeitos expressivos na saúde do cérebro. As pesquisas mostram que níveis mais altos de ácidos graxos ômega-3 foram associados a um menor risco de declínio cognitivo.
Ao que parece, tanto o consumo de peixe quanto a ingestão de ômega-3 por meio da suplementação parecem ser protetores contra a demência. Isso acontece devido às suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, anti-apoptóticas e neurotróficas, que influenciam no bom funcionamento do cérebro, da cognição e da memória.
Nesse sentido, a baixa ingestão de peixe e DHA, um tipo de ômega-3, já foi associada a um maior risco de DA na literatura.
A espermidina é uma poliamina conhecida como um potencializador natural da autofagia, mecanismo de preservação celular pelo qual o organismo remove partes danificadas ou disfuncionais de uma molécula e recicla outras partes, a fim de favorecer a produção de novas células.
Por meio desse processo, em modelo animal, a espermidina mostrou ajudar a quebrar a proteína Aβ que está associada à perda de conexões em células nervosas e auxiliou a reduzir a inflamação no cérebro. Em humanos, a suplementação de doses mais altas de espermidina durante três meses correlacionou-se com uma melhora no desempenho cognitivo de indivíduos idosos com demência leve e moderada.
A ciência mostra que o resveratrol, substância encontrada principalmente nas uvas, parece reduzir os níveis de uma proteína chamada MMP9 no líquido cefalorraquidiano (LCR), fluido que tem relação direta com o sistema nervoso central (SNC), em um subconjunto de indivíduos com DA.
A MMP9 está ligada a inflamações no cérebro e a problemas na barreira que protege esse órgão de substâncias nocivas. Com isso, o resveratrol poderia ajudar a proteger a região cerebral contra possíveis danos e reduzir o risco de doenças neurológicas.
Além disso, a administração desse nutriente também protegeu contra o declínio cognitivo e reduziu marcadores pró-inflamatórios no plasma, sugerindo benefícios potenciais para pessoas com Alzheimer.
Também chamado de Hericium erinaceus, Lion’s mane é uma espécie de fungo comestível comumente utilizado na medicina e na culinária dos países asiáticos.
Com grande potencial neuroprotetor, adaptogênico e antioxidante, estudos sugerem que esse composto possui resultados satisfatórios no desempenho cognitivo, podendo ajudar na prevenção e no tratamento de sintomas relacionados à cognição.
As pesquisas demonstram que os níveis de ergotioneína, aminoácido derivado da histidina, são mais baixos em pacientes com distúrbios cognitivos, sugerindo que níveis inferiores podem estar ligados à neurodegeneração.
Um estudo de revisão destacou que a administração de comprimidos de extrato de cogumelo contendo ergotioneína melhorou a função cognitiva em indivíduos saudáveis com comprometimento cognitivo leve. Entre os benefícios destacados, foi possível perceber efeitos positivos na memória composta, na velocidade psicomotora, no tempo de reação, na memória de trabalho e na atenção.
A L-teanina é um aminoácido encontrado principalmente nas folhas da planta que dá origem ao chá verde. Quando presente no organismo, esse nutriente consegue atravessar a barreira hematoencefálica e agir no cérebro, mais especificamente nos neurotransmissores do SNC.
As evidências mostram que a suplementação desse aminoácido pode trazer benefícios para as capacidades cognitivas de adultos e idosos, impactando na melhora da atenção e da memória de trabalho.
O magnésio é um dos minerais mais importantes para o corpo humano, pois apresenta benefícios para todo o organismo. Com relação à saúde mental e cognitiva, seus efeitos estão relacionados à homeostase do cérebro, pois protege a integridade da barreira cerebral e é essencial para a comunicação entre os neurônios. Sua deficiência está associada à inflamação crônica no SNC.
Níveis baixos desse mineral costumam ser encontrados no cérebro de indivíduos com DA. Os efeitos protetores do magnésio na DA são explicados pela redução da inflamação e da síntese de Aβ ao controlar a permeabilidade da barreira hematoencefálica e prevenir a fosforilação da proteína tau.
Como mencionado anteriormente, o Alzheimer transforma a vida não só de quem recebe o diagnóstico, mas também dos familiares envolvidos.
Esse momento pode ser um desafio emocional e físico para todos, mas é fundamental garantir o bem-estar e a qualidade de vida da pessoa diagnosticada. Para isso, confira algumas dicas que podem ajudar:
A DA pode comprometer as capacidades motoras, além de afetar diretamente o funcionamento cerebral.
Por isso, é importante adaptar a casa para evitar quedas e acidentes: instalar barras de apoio no banheiro, preferir revestimentos antiderrapantes, sinalizar portas de vidro, entre outras adequações.
Além disso, procure manter objetos do dia a dia, como chaves e óculos, sempre nos mesmos lugares. Isso ajuda a reduzir a confusão e a frustração.
Tente manter uma rotina diária consistente para ajudar a pessoa a se sentir mais segura e menos desorientada. Inclua atividades que o indivíduo goste e que sejam significativas para ele, como ouvir uma música que gosta e que desperta boas sensações, fazer exercícios leves ou passeios ao ar livre.
Lembre-se que diversas funções cognitivas sofrem impacto em quem é portador dessa condição, o que pode dificultar o entendimento em conversas habituais.
Assim, procure usar frases curtas e diretas, evite perguntas abertas e ofereça escolhas limitadas. Além disso, seja paciente e mantenha um tom de voz calmo.
É importante incentivar o acompanhamento regular do estado de saúde. Procure acompanhar nas consultas médicas para monitorar o avanço da doença e quaisquer outras intercorrências que possam surgir.
Ajude, também, a manter hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a ingestão adequada de líquidos. A prática de exercícios leves, quando recomendada pelo médico, também é importante para manter a mobilidade, o bem-estar e favorecer a longevidade.
O cuidado diário pode demandar tempo e energia do familiar que está responsável por isso. Se possível, contrate ajuda profissional para auxiliar no dia a dia, seja para tarefas médicas ou atividades de rotina.
É crucial que o cuidador também se dedique à sua própria saúde física e mental. Tire um tempo para descansar e buscar suporte emocional, quando possível. Além disso, considere participar de grupos de apoio, nos quais você pode compartilhar experiências e obter conselhos.
Lembre-se de que cada pessoa com Alzheimer é única, e o que funciona para uma pode não funcionar para outra. A chave é ser flexível, paciente e compreensivo. Para ajudar ainda mais nessa jornada, continue por aqui e confira o conteúdo sobre como cuidar da saúde mental, com informações que podem ajudar a manter o equilíbrio emocional nesse momento.
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