É frequentemente repetido, mas é verdade: o exercício mantém você saudável. Ele aumenta o seu sistema imunológico, mantém a mente afiada, ajuda a dormir, mantém o seu tônus muscular e estende a sua vida saudável. Pesquisadores há muito suspeitam que os benefícios do exercício se estendem até o nível celular, mas sabem relativamente pouco sobre quais exercícios ajudam as células a reconstruir organelas-chaves que se deterioram com o envelhecimento. Um estudo publicado em 7 de março em Cell Metabolism descobriu que o exercício – e em particular o treinamento intervalado aeróbico de alta intensidade, como ciclismo e caminhada – impulsiona células a produzirem mais proteínas para suas mitocôndrias (produtoras de energia) e seus ribossomos (produtores de proteínas), efetivamente parando o envelhecimento no nível celular.
“Baseado em tudo o que sabemos, não há substituto para esses programas de exercícios quando se trata de atrasar o processo de envelhecimento”, disse o autor sênior do estudo, Sreekumaran Nair, um médico e pesquisador de diabetes da Clínica Mayo em Rochester, Minnesota. “Nenhum remédio consegue tais feitos.”
O estudo envolveu 36 homens e 36 mulheres de duas faixas etárias – voluntários “jovens” com idade entre 18 e 30 anos e voluntários “mais velhos”, entre 65 e 80 anos – em três programas de exercícios diferentes: (1) onde os voluntários fizeram treino intervalado com bicicleta em alta intensidade, (2) onde os voluntários fizeram treino de força com o uso de pesos, e (3) treino combinado de força e intervalado. Em seguida, os pesquisadores, liderados pelo professor da Universidade de Oregon, Matthew Robinson e colegas, fizeram biópsias dos músculos das coxas dos voluntários e compararam a composição molecular de suas células musculares com amostras de voluntários sedentários. Também avaliaram a quantidade de massa muscular magra e sensibilidade à insulina.
Eles descobriram que, enquanto o treinamento de força foi eficaz na construção de massa muscular, o treinamento intervalado de alta intensidade produziu os maiores benefícios a nível celular. Os voluntários mais jovens no grupo de treinamento intervalado viram um aumento de 49% na capacidade mitocondrial, e os voluntários mais velhos viram um aumento ainda mais dramático, de 69%. O treinamento intervalado também melhorou a sensibilidade à insulina dos voluntários, o que indica uma menor probabilidade de desenvolver diabetes. Entretanto, este foi menos eficaz para melhorar a força muscular, a qual declina tipicamente com o envelhecimento. “Se as pessoas tiverem que escolher um exercício, eu recomendaria o treino intervalado de alta intensidade, mas acho que seria mais benéfico se pudessem fazer 3-4 dias de intervalado e, em seguida, um par de dias de treino de força”, diz Nair. Mas, naturalmente, qualquer exercício resultou em melhoras, em comparação com nenhum exercício.
Nair enfatizou que o foco deste estudo não foi o desenvolvimento de recomendações, mas sim a compreensão de como o exercício ajuda no nível molecular. À medida que envelhecemos, a capacidade geradora de energia das mitocôndrias de nossas células diminui lentamente. Ao comparar os dados proteômicos e de sequenciamento de RNA de pessoas em diferentes programas de exercícios, os pesquisadores descobriram evidências de que o exercício estimula a célula a fazer mais cópias de genes que codificam proteínas mitocondriais e proteínas responsáveis pelo crescimento muscular. O exercício também pareceu aumentar a capacidade dos ribossomos de construir proteínas mitocondriais. O achado mais impressionante foi o aumento do conteúdo de proteína muscular. Em alguns casos, o programa de ciclismo de alta intensidade realmente pareceu reverter o declínio relacionado com a idade na função mitocondrial e proteínas necessárias para a construção muscular.
O aumento do teor de proteínas mitocondriais explica a função das mitocôndrias e a hipertrofia muscular. A habilidade do exercício de transformar estas organelas chaves poderia explicar porque o exercício beneficia nossa saúde em tantas maneiras diferentes.
O músculo é singular, porque suas células dividem-se apenas raramente. Como as células cerebrais e cardíacas, as células musculares se desgastam e não são facilmente substituídas. As funções desses três tecidos são conhecidas por diminuirem com a idade. “Ao contrário do fígado, o músculo não é facilmente regenerado, as células podem acumular muitos danos”, explica Nair. No entanto, se o exercício restaura ou previne a deterioração das mitocôndrias e ribossomos em células musculares, há uma boa chance de que ele faça isso em outros tecidos também. Entender os caminhos que o exercício usa para efetuar sua magia pode tornar o envelhecimento mais segmentável, objetivo. Nair e seus colegas esperam descobrir mais sobre como o exercício beneficia diferentes tecidos em todo o corpo. Eles também estão estudando maneiras que os médicos podem ser capazes de alvejar os caminhos que conferem a maioria dos benefícios. No entanto, por enquanto, o exercício vigoroso continua a ser a forma mais eficaz de reforçar a saúde. “Existem dados substanciais de ciência básica para apoiar a ideia de que o exercício é criticamente importante para prevenir ou retardar o envelhecimento”, diz Nair. “Não há substituto para isso.”
Traduzido por Essentia Pharma
Fonte: https://www.sciencedaily.com/releases/2017/03/170307155214.htm
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