Newswise – Pesquisadores da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health sugerem que mesmo pequenas quantidades de poluição do ar parecem aumentar o risco de partos prematuros e distúrbios neurológicos e respiratórios de crianças ao longo da vida.
As partículas finas de exaustão de carros, usinas de energia e outras fontes industriais entram nos pulmões, mas os cientistas têm encontrado evidências dos efeitos dessa poluição em placentas de gestantes – o órgão que as conecta ao seu feto e fornece sangue, oxigênio e nutrição. Eles descobriram que quanto maior a exposição materna à poluição do ar, mais probabilidade que as grávidas sofram de uma condição chamada de inflamação intrauterina, o que pode aumentar o risco de uma série de problemas de saúde de seu filho, desde a fase fetal até a infância.
Os resultados do estudo, publicado on-line em Environmental Health Perspectives em abril passado, adicionam à evidência crescente de que o ar que uma gestante respira pode ter consequências para a saúde de seu filho e que os atuais padrões de poluição do ar da Agência de Proteção Ambiental (EPA), dos Estados Unidos, podem não ser rigorosos o suficiente para proteger o feto em desenvolvimento.
“Há vinte anos, mostramos que os altos níveis de poluição do ar causaram resultados deficientes para a gravidez, incluindo nascimentos prematuros. Agora, estamos mostrando que mesmo pouca poluição atmosférica parece causar efeitos biológicos a nível celular em gestantes”, relata o autor sênior do estudo, Xiaobin Wang, MD, ScD, MPH, diretor do centro de origens de doenças na infância inicial, da escola Bloomberg.
Já a principal autora do estudo, Rebecca Massa Nachman, PhD, uma pós-doutorada no Departamento de Ciências da Saúde Ambiental da Escola Bloomberg, afirma: “Este estudo levanta a preocupação de que padrões ainda atuais para a poluição do ar podem não ser suficientemente rigorosos para proteger o feto, que pode ser particularmente sensível a fatores ambientais. Encontramos efeitos biológicos em mulheres expostas a níveis de poluição do ar abaixo do padrão EPA”.
Para o estudo, os pesquisadores analisaram dados de 5.059 pares mãe-filho na coorte de nascimentos de Boston, uma população predominantemente de minoria de baixa renda. Eles avaliaram a presença de inflamação intrauterina nas mães que apresentaram febre durante o trabalho de parto e, através de microscópio, observando a placenta que foi recolhida e preservada após o nascimento. Avaliaram assim a exposição materna ao material particulado fino (PM2,5) da poluição do ar usando dados das estações de qualidade do ar EPA localizadas perto das casas das mães. A cidade de Boston, onde viviam as mulheres, é conhecida como uma cidade relativamente limpa quando se trata de poluição atmosférica. A maioria das mulheres no estudo foi exposta à poluição do ar abaixo do nível que a EPA considera como aceitável, menos de 12 microgramas por metro cúbico. Um subconjunto de 1.588 mulheres (ou 31%) foi exposto à poluição igual ou superior ao padrão EPA. Foi descoberto que as grávidas expostas a níveis mais altos de poluição do ar foram quase duas vezes mais suscetíveis de sofrer de inflamação intrauterina do que aquelas expostas a níveis mais baixos. Também pareceu que o primeiro trimestre seja um momento de maior risco. Esses resultados se mantiveram mesmo quando os pesquisadores incluíram fatores extras, como tabagismo, idade, obesidade e níveis de ensino.
A inflamação intrauterina é uma das principais causas de parto prematuro – ocorrendo um em cada nove nascimentos nos Estados Unidos e um em cada seis nascimentos afro-americanos, dizem os pesquisadores. Bebês nascidos prematuramente podem ter problemas de desenvolvimento ao longo da vida. Os investigadores têm associado o nascimento prematuro com o autismo e asma.
Enquanto a exposição materna à poluição do ar durante a gravidez está associada a resultados adversos no nascimento, o mecanismo biológico não foi bem compreendido. Há poucos sinais exteriores de inflamação intrauterina na maioria das mulheres. Mas os pesquisadores dizem que a placenta – que normalmente é descartada após o nascimento – ofereceu pistas vitais para a condição e pode ser a fonte de outras informações importantes de saúde.
“A placenta pode ser uma janela para o que está acontecendo em termos da exposição durante o início da vida e o que isso significa para futuros problemas de saúde”, diz Wang. “Esse órgão é descartado, mas testá-lo não é invasivo e pode ser uma fonte valiosa de todos os tipos de informações sobre o ambiente.”
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