A opção dos pacientes por medicamentos manipulados tem origem nos benefícios que oferecem, em comparação com as fórmulas tradicionais, produzidas pela indústria e vendidas em farmácias. Um dos principais diferenciais é o ajuste da dosagem dos ativos do medicamento, feito pelo médico prescritor de acordo com avaliação individual do paciente. Mas para garantir a efetiva manipulação do medicamento com a dosagem indicada, as farmácias magistrais precisam estar atentas aos fatores de correção.
Isso ocorre porque as matérias primas utilizadas no preparo dos medicamentos raramente podem ser utilizadas diretamente da forma que chegam dos fornecedores. Entre outras ações para assegurar a eficiência terapêutica, é preciso aplicar fatores de correção.
O fator de correção é um ajuste que se faz para que cada medicamento contenha a dose exata da substância prescrita pelo médico. Para explicar melhor, vamos comparar com a culinária. Se você vai preparar um prato que demande 500g de sobrecoxa desossada de frango, você deve comprar mais do que isso no supermercado. Talvez 15% ou 20% a mais. Assim, o peso após a retirada dos ossos será o de 500g, como previsto na receita.
Um dos motivos é que os fármacos trazem, por motivos técnicos, suas substâncias ativas diluídas por outras substâncias. Assim, com base em informações sobre cada lote, disponibilizadas pelo fornecedor, são calculados fatores de correção para compensar tal diluição. Para melhor compreensão, vamos ao caso da matéria prima astaxantina.
Quando o prescritor receita o uso da astaxantina na dosagem de 12mg, ele deseja que o paciente utilize 12mg da substância ativa astaxantina, extraída da alga Haematococcus pluvialis. Segundo as informações disponibilizadas pelo fornecedor, o fator de correção que deve ser aplicado à matéria prima astaxantina, composta por extrato de alga, é de 48,16.
Isso significa que é preciso multiplicar a matéria prima por quase 50 vezes para se chegar à quantidade desejada do princípio ativo. Se, ao contrário, o medicamento for manipulado com 12mg da matéria prima, o paciente estará recebendo apenas 0,25mg do princípio ativo astaxantina por dose. Essa questão implica diretamente na eficácia do tratamento e, da mesma forma, no valor final do produto.
Confira outros exemplos de fatores de correção, e seus efeitos na dosagem e no valor dos medicamentos manipulados.
Outro motivo para se aplicar fatores de correção é a presença de água ou umidade nas substâncias. Muitas vezes, ao se analisar alguma matéria prima, é percebido que um percentual da massa é formado por água, que dilui o material e pode afetar sua eficácia. Assim, um lote de 100mg de alguma matéria prima que apresente um teor de água de 7,85% contém, na realidade, 92,15mg da substância. Assim, neste caso, para se obter 100mg é necessário utilizar 108,52mg da matéria prima.
Assim como o fator de correção, há uma série de outras práticas que diferenciam uma boa farmácia de manipulação. Delas dependem o sucesso de qualquer tratamento que envolva medicamentos manipulados. Conheça esses diferenciais, tire suas dúvidas, e envie sua receita.
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