Você sabe o que é o lipedema? Com incidência maior em mulheres, essa é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo desproporcional de gordura, geralmente nos membros inferiores. Apesar de apresentar algumas semelhanças com a obesidade, o linfedema e a celulite, o lipedema tem particularidades que o diferenciam dessas condições.
Compreender as características, sintomas e possibilidades de tratamento é um passo importante para melhorar a qualidade de vida e encontrar soluções personalizadas. Continue a leitura para saber mais sobre o lipedema!
Também conhecido como síndrome gordurosa dolorosa, o lipedema é uma doença crônica e inflamatória caracterizada pelo excesso de gordura em regiões específicas como glúteos, pernas, tornozelos e braços.
Nessa condição, as células do tecido adiposo inflamam e se proliferam, causando, assim, um acúmulo patológico e progressivo dessas células de gordura inflamadas. Por conta da gordura localizada em algumas partes do corpo, essa condição é comumente confundida com a obesidade.
Para um diagnóstico e tratamento mais certeiro, o lipedema é dividido em tipos e estágios. Os tipos estão relacionados à localização anatômica que a condição afeta e os estágios são as classificações da doença com o passar dos anos.
A superfície da pele tem aspecto normal, ocorre aumento da gordura no tecido subcutâneo e há presença de nódulos sob a pele. O inchaço também é uma característica, principalmente durante o dia. Nessa fase a resposta ao tratamento inicial costuma ser positiva. Drenagens, alimentação balanceada e a prática de atividade física aliviam alguns sintomas.
A gordura fica mais visível, deixando a pele com uma textura irregular que lembra celulite. O inchaço fica mais intenso e, em alguns casos, podem ocorrer dores e hematomas que passam a ser frequentes. Nesse estágio, o paciente costuma seguir respondendo bem ao tratamento inicial.
Há um grande acúmulo de gordura, irregularidades na pele, inchaço persistente, dores e hematomas frequentes. O paciente passa a não reagir tão bem ao tratamento clínico e a cirurgia pode se tornar uma opção.
Há grandes irregularidades na pele e gordura associadas à lesão do sistema linfático, causando edema nos pés (conhecido como lipolinfedema). Podem ocorrer hematomas frequentes, dores fortes (na maioria dos casos) e dificuldades para caminhar. Nesse caso, a cirurgia pode ser recomendada, ainda que não exclua a necessidade dos demais cuidados.
Os sintomas do lipedema são diversos e podem se manifestar de forma isolada ou combinados entre si:
A genética tem clara influência no surgimento dessa condição. Entretanto, os fatores hormonais são considerados os gatilhos mais comuns para o surgimento do lipedema. Por essa razão, a doença ocorre especialmente durante a puberdade, gravidez e menopausa. Nessas situações, pode acontecer um deslocamento simétrico de gordura corporal nas extremidades, fadiga muscular e dor, que atinge geralmente os pés, as mãos e o tronco.
Os hormônios femininos estrogênio e progesterona, que são produzidos durante a vida reprodutiva da mulher, estão associados ao desenvolvimento do lipedema. Enquanto a progesterona pode afetar a retenção de líquidos e causar inchaço, o estrogênio influencia a distribuição de gordura. Quando há desequilíbrio nos níveis desses hormônios, pode ocorrer maior tendência ao armazenamento de gordura no corpo, além de afetar o funcionamento do tecido adiposo.
Acredita-se que essa influência hormonal seja um dos motivos pelo qual o lipedema afeta majoritariamente as mulheres, já que a produção desses hormônios é maior no público feminino.
Apesar de incomum, a doença pode aparecer em homens também. Os pacientes do sexo masculino diagnosticados com lipedema geralmente apresentam condições que estão associadas aos altos níveis de estrogênio e baixos níveis de testosterona, como, por exemplo, o hipogonadismo masculino e doença hepática.
Embora possam apresentar semelhanças, o lipedema, a obesidade, o linfedema e a celulite são condições distintas, com características e tratamentos específicos. Entender as diferenças é fundamental para um diagnóstico correto e para adotar as melhores estratégias para lidar com cada caso.
Na obesidade, o acúmulo de gordura ocorre de forma mais uniforme pelo corpo, incluindo o abdômen. No lipedema, porém, a gordura apresenta nódulos e há um componente inflamatório, concentrando-se principalmente nos glúteos, pernas e/ou braços, e frequentemente há dor nessas áreas.
A obesidade costuma responder bem às mudanças na alimentação e à prática de exercícios. Já no lipedema, em estágios mais avançados, essas medidas podem não ser suficientes de forma isolada, embora sejam essenciais para o manejo da condição.
Vale lembrar que, apesar de serem condições distintas, também é comum a ocorrência das duas condições simultaneamente.
O linfedema é uma doença crônica que afeta o sistema linfático. Essa condição se dá a partir do acúmulo de linfa, um líquido que circula pelos vasos linfáticos, coletando impurezas e estimulando as defesas do organismo. Por conta disso, a principal característica da doença é o inchaço desproporcional em um braço ou em uma perna.
Apesar de também ser confundido com lipedema, o linfedema possui algumas características marcantes que os diferenciam. A principal delas é que o inchaço geralmente acontece em apenas um membro, deixando-os assimétricos, enquanto no lipedema os dois membros são afetados simetricamente.
A celulite é o acúmulo de gordura sob a pele com um característico aspecto ondulado, tipo “casca de laranja”.
Diferente do lipedema, que é uma doença que atinge regiões específicas, a celulite é uma condição que pode ocorrer em qualquer local do corpo.
O diagnóstico do lipedema é realizado por meio de exame físico e anamnese – uma entrevista conduzida por um médico especializado. Caso necessário, o médico pode solicitar exames adicionais para analisar a distribuição da gordura corporal e excluir outras condições frequentemente confundidas com o lipedema.
Em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o lipedema na Classificação Internacional de Doenças.
Com alguns hábitos simples, é possível aliviar os sintomas do lipedema e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Na maioria dos casos, o tratamento deve ser multidisciplinar e pode envolver o acompanhamento de nutricionista, endocrinologista, ginecologista, ortopedista, cirurgião vascular e, em algumas situações, cirurgião plástico, dependendo da complexidade do quadro.
O tratamento integral inclui uma alimentação equilibrada focada na redução da inflamaão, atividade física de baixo impacto, drenagem linfática, medidas compressivas e outras recomendações que incluem mudanças nos hábitos de vida.
Adotar um estilo de vida saudável é essencial para o bem-estar geral e traz inúmeros benefícios à saúde, inclusive no manejo do lipedema.
Para quem tem histórico familiar de lipedema, esses cuidados tornam-se ainda mais relevantes, ajudando na prevenção e na implementação de estratégias eficazes de tratamento.
Um acompanhamento nutricional individualizado, focado em uma alimentação balanceada e na hidratação adequada é essencial para controlar o avanço, amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do indivíduo com lipedema.
Por isso, opte por alimentos in natura e minimamente ultraprocessados, aumente o consumo de frutas, vegetais e cereais integrais e garanta uma ingestão satisfatória de nutrientes antioxidantes e anti-inflamatórios para auxiliar no manejo da doença.
Outra dica é evitar o açúcar e reduzir alimentos ricos em sódio, o que ajuda a prevenir a inflamação e a retenção de líquidos.
Os exercícios são importantes para estimular o sistema cardiovascular, melhorando a circulação sanguínea. Além disso, são fundamentais para a redução do inchaço e a perda de peso, pois contribuem para a melhora dos sintomas.
Pacientes com lipedema costumam ter dificuldades na prática de exercícios, seja por conta da dor ou pela baixa mobilidade. Por esse motivo, em um momento inicial, costuma-se indicar atividades de baixo impacto, como hidroginástica, caminhada e dança.
Entretanto, para encontrar a atividade física ideal para você é recomendado recorrer a um profissional capacitado para receber a orientação e o acompanhamento adequados para o seu caso.
É comum que pacientes com lipedema também apresentem excesso de peso ou obesidade, condições que predispõem a maiores riscos de alterações metabólicas como resistência à insulina e diabetes, por exemplo.
Por esse motivo, o gerenciamento de peso de forma saudável pode auxiliar nos sintomas e contribuir para um tratamento mais efetivo. Além disso, a escolha de ativos que promovam benefícios anti-inflamatórios e antioxidantes também pode contribuir para um manejo mais eficaz, tanto do lipedema quanto da obesidade e da resistência à insulina, quando presentes.
Abaixo, destacamos alguns nutrientes que podem ser bons aliados desse processo.
A Akkermansia muciniphila é uma bactéria essencial para a integridade intestinal. Ela produz acetato, um ácido graxo de cadeia curta (AGCC) envolvido na regulação do apetite e dos estoques de gordura corporal, auxiliando no controle de peso, nos níveis de triglicerídeos e na sensibilidade à insulina. Estudos mostram que níveis baixos dessa bactéria no organismo estão ligados à obesidade, diabetes e outros distúrbios metabólicos.
Em uma pesquisa com 32 voluntários com sobrepeso/obesidade e resistentes à insulina, a suplementação com Akkermansia muciniphila por três meses, em comparação ao placebo, demonstrou benefícios como: melhora na sensibilidade à insulina, redução da insulina no sangue e do colesterol total e leve diminuição do peso e da massa de gordura. Além disso, houve melhora em marcadores de inflamação e da função hepática.
A depender do caso, esses fatores podem ser altamente relevantes para o manejo do lipedema, pois a perda de peso e a melhora de parâmetros inflamatórios e metabólicos contribui para a melhora dos sintomas e da qualidade de vida.
Calreduct® é uma fórmula produzida com uma fibra solúvel, a alfaciclodextrina, que é capaz de absorver a gordura da alimentação. Esse ativo atua se ligando e revestindo as gotículas de gordura, tornando-as resistentes à digestão. Após esse revestimento, a gordura passa pelo aparelho digestivo e é eliminada como resíduo, o que auxilia na redução da absorção calórica e consequentemente em um emagrecimento seguro e saudável.
Pesquisadores ofereceram, durante três meses, suplementação de alfaciclodextrina (FBCx®) ou placebo a 66 indivíduos com obesidade e diabetes mellitus tipo 2. Ao final do experimento, observou-se ganho de peso significativo no grupo placebo, enquanto o grupo que recebeu o suplemento manteve o peso corporal, mesmo com maior consumo calórico no último mês da pesquisa.
Também houve aumento significativo da adiponectina, um hormônio produzido no tecido adiposo que regula a sensibilidade à insulina. Apesar de não estatisticamente significativas, melhoras nos níveis de colesterol e triglicerídeos também ocorreram naqueles que ingeriram o suplemento.
O ômega-3 é conhecido por ajudar a reduzir a inflamação, que é uma das principais características do lipedema. Por isso, a ingestão dos ácidos graxos EPA e DHA poderia contribuir para o manejo da doença ao suprimir mecanismos inflamatórios, o que também ajuda a controlar a dor, que atinge cerca de 80% das pessoas com lipedema.
A Acetil-L-carnitina, ou L-carnitina, é uma substância natural derivada de aminoácidos, fundamental para o metabolismo energético. Sua principal função é transportar ácidos graxos até as mitocôndrias, onde são convertidos em energia, especialmente durante atividades físicas.
Amplamente utilizada para melhorar o desempenho físico, apoiar o gerenciamento de peso e tratar condições metabólicas, a L-carnitina também pode ser uma aliada ao tratamento do lipedema, ajudando a otimizar a redução do peso corporal.
Uma revisão com meta-análise pontuou que a suplementação de L-carnitina resultou em maior perda de peso e maior redução no índice de massa corporal (IMC) em comparação ao controle, destacando seu potencial como coadjuvante no gerenciamento de peso. A magnitude da perda de peso resultante da suplementação de carnitina diminuiu significativamente ao longo do tempo, ressaltando a importância do acompanhamento nutricional para adequação dietética ao longo do tratamento.
A vitamina C é conhecida por sua potente ação antioxidante e de combate à inflamação, característica comum no lipedema. Também tem papel indispensável na produção de colágeno, que é importante para manter a estrutura do tecido conjuntivo, que o lipedema afeta.
Além disso, existem evidências de que os níveis de vitamina C são mais baixos em indivíduos com sobrepeso ou obesidade, e que a inflamação de baixo grau que ocorre nessa situação diminui a disponibilidade da substância no organismo. Dessa forma, uma vez que o excesso de peso também é comum no lipedema e a inflamação encontra-se presente, esse nutriente pode ser de especial interesse no tratamento.
Os polifenóis são compostos naturais encontrados em muitos alimentos de origem vegetal. Alguns exemplos são a curcumina encontrada no açafrão, o resveratrol encontrado nas uvas, as antocianinas encontradas nas frutas vermelhas, os carotenoides encontrados nos vegetais vermelhos, alaranjados e amarelos e as catequinas do chá verde. Eles possuem poderosas propriedades antioxidantes, ajudando a combater os danos causados pelos radicais livres no corpo, além de atuar na redução da inflamação.
De acordo com um estudo de revisão, alguns polifenóis podem reduzir a ativação de proteínas associadas à inflamação. No lipedema, proteínas inflamatórias são estimuladas por fatores como o estresse oxidativo e a obesidade, o que agrava a inflamação no tecido adiposo, causando dor e sensibilidade. Reduzir essas vias inflamatórias parece aliviar os sintomas.
O selênio é um mineral com funções no sistema imunológico e na redução do estresse oxidativo e da inflamação. Há pesquisas que apontam que a deficiência desse micronutriente pode afetar até 47,5% dos indivíduos com lipedema, linfedema e lipolinfedema, atingindo especialmente aqueles com obesidade associada.
Uma vez que o lipedema é caracterizado por fibrose, inflamação e estresse oxidativo, garantir um aporte de selênio pode ser uma estratégia interessante no manejo da condição.
O ácido linoleico conjugado é um tipo de gordura que pode ser encontrada em carnes e laticínios.
Dentre suas diferentes ações no organismo, estudos mostram que esse componente pode ajudar a reduzir a gordura corporal, o que consequentemente poderia auxiliar no controle do lipedema. A explicação para esse efeito, de acordo com pesquisadores, está relacionada às suas propriedades anti-inflamatórias, que também ajudam a regular o metabolismo lipídico e a estimular a termogênese.
Como foi apresentado, hábitos, nutrientes e determinados ativos podem ser bons aliados do tratamento do lipedema e oferecer resultados interessantes. Entretanto, é essencial destacar a necessidade de consultar seu médico ou nutricionista para encontrar a melhor alternativa para o seu quadro.
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