Para muitas pessoas que sofrem de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), os tratamentos médicos disponíveis oferecem apenas um alívio limitado. Em uma série de estudos realizados em ratos, os pesquisadores descobriram que o consumo de mirtilos pode ajudar a reduzir os controladores genéticos e bioquímicos por trás da depressão e tendências suicidas associadas com o transtorno.
“Precisamos realizar um ensaio clínico para ter certeza de que isso funciona, mas com base em nossos estudos em modelos animais, há evidências de que o mirtilo pode ajudar a atenuar alguns dos problemas associados com o TEPT”, afirmou Joseph Francis, Ph. D., professor na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual de Louisiana e autor sênior do estudo. “E, enquanto isso, parece seguro dizer que não há nada a perder em comer mirtilos, mas ao contrário, isso pode ajudar as pessoas com o transtorno.”
Philip Ebenezer, Ph.D., pesquisador de pós-doutorado no laboratório de Francis da Universidade Estadual da Louisiana, apresentou o estudo no encontro anual da American Society for Pharmacology and Experimental Therapeutics durante a reunião da Experimental Biology (EB 2016), em San Diego.
O TEPT é um transtorno de ansiedade que pode se desenvolver depois que alguém experimenta um evento traumático, e estima-se que afeta 6,8% de americanos em algum momento de suas vidas. Os diagnósticos subiram acentuadamente nos últimos anos e a doença é particularmente comum entre veteranos de guerra. Ela está associada com uma vasta gama de problemas psicológicos, comportamentais e sociais, tais como depressão, abuso de substâncias, problemas de relacionamento e um aumento do risco de suicídio.
Para investigar os fatores biológicos que podem contribuir para o TEPT e seus efeitos, a equipe de pesquisa desenvolveu um processo que induz efeitos análogos do transtorno em ratos, como a exibição de medo, em vez de curiosidade, quando são apresentados a um objeto desconhecido. Eles, então, avaliaram como uma dieta rica em mirtilos afeta esses fatores.
No novo estudo, a equipe se concentrou sobre o papel de um gene chamado SKA2, um gene que outros pesquisadores descobriram ser expresso em níveis anormalmente baixos em pessoas que cometeram suicídio. Embora seja impossível saber se um rato está com pensamentos suicidas, Francis e Ebenezer descobriram que os animais com efeitos parecidos com os de TEPT expressam o gene SKA2 em níveis baixos, em comparação com ratos de laboratório normais. Isso reforça a evidência para o papel do gene em problemas psicológicos e sugere que esses animais usados no estudo podem ser um modelo útil para estudar a bioquímica por trás de tendências suicidas.
Os investigadores então alimentaram alguns dos animais com uma dieta rica em mirtilos – equivalente a cerca de dois copos por dia para uma pessoa – e descobriram que os níveis SKA2 aumentaram, em comparação com os ratos alimentados com uma dieta normal, o que sugere que a fruta apresentou um efeito benéfico.
“Nos animais com TEPT, havia uma diminuição nos níveis SKA2 no sangue, bem como no córtex pré-frontal do cérebro e do hipocampo, em comparação com ratos sem TEPT,” relatou Francis. “Uma vez que estes níveis aumentaram quando alimentados com mirtilos, os resultados sugerem que um agente não farmacológico como o mirtilo pode ter um efeito sobre a expressão deste importante gene.”
O trabalho baseia-se em um estudo divulgado no ano passado, no qual Francis e Ebenezer descobriram que ratos com diagnósticos semelhantes ao TEPT alimentados com uma dieta enriquecida com mirtilo apresentaram maiores níveis de serotonina no cérebro. Desde que a serotonina está associada a sentimentos de felicidade e bem-estar, o estudo havia sinalizado que o mirtilo poderia ajudar a aliviar a depressão em pacientes com TEPT.
A equipe está agora prosseguindo a investigação sobre as relações entre SKA2 e os níveis de serotonina para descobrir se o mirtilo pode, simultaneamente, ajudar a aliviar sentimentos de depressão e reduzir tendências suicidas através de uma única via biológica.
Há um grande número de medicamentos que aumentam os níveis de serotonina e são utilizados para tratar a depressão. No entanto, estes agentes, chamados de inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS ou SSRI), demonstraram um sucesso limitado no tratamento de pacientes com TEPT, e até mesmo têm sido associados com um aumento de tendências suicidas em alguns pacientes, especialmente crianças e adolescentes. Francis disse que a investigação da equipe visa preencher a lacuna de tratamento para pessoas que sofrem com o transtorno e não se beneficiam dos medicamentos existentes.
“Há uma necessidade urgente de identificar alvos novos para o tratamento de TEPT. Com base em nossos resultados, o mirtilo pode não só aumentar a serotonina, mas também aumentar os níveis de SKA2, assim potencialmente protegendo contra um comportamento desfavorável”, concluiu Francis.
O estudo foi financiado pelo U.S. Highbush Blueberry Council.
Fonte:http://www.newswise.com/articles/blueberries-may-offer-benefits-for-post-traumatic-stress-disorder
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