Os nootrópicos são substâncias que têm sido estudadas por seu poder de auxiliar e potencializar as funções cognitivas, como atenção, memória e raciocínio, e de proteger a saúde do cérebro.
Neste texto você vai entender o que são os nootrópicos, quais as principais substâncias que fazem parte desse grupo e o que a ciência diz sobre seus efeitos na cognição. Confira!
Nootrópico é a denominação dada a compostos que exercem efeitos específicos na saúde cerebral. De acordo com estudos, esse grupo de substâncias ajuda a melhorar o fluxo de oxigênio e glicose no cérebro, agem na proteção dos neurônios contra danos e podem favorecer a produção de substâncias importantes para o bom funcionamento das células cerebrais.
Por conta disso, as evidências pontuam que os nootrópicos podem contribuir para a melhora das funções cognitivas, favorecendo o aprendizado e a memória, por exemplo, especialmente em contextos em que a cognição pode estar levemente prejudicada, como em algumas condições de saúde.
A maioria dos nootrópicos vêm de fontes naturais e são comercializados como suplementos alimentares ou extratos vegetais, mas também há substâncias sintéticas. A seguir, você vai conhecer quais são os principais ativos considerados nootrópicos e o que as evidências revelam sobre seus efeitos na saúde cerebral.
Os chamados racetams são uma família de nootrópicos sintéticos desenvolvidos a partir do piracetam, ativo que atua na modulação de neurotransmissores relacionados à memória e ao aprendizado. O fenilpiracetam, por sua vez, é uma versão modificada do piracetam, com a adição de um grupo fenil em sua estrutura química, o que favorece sua passagem pela barreira hematoencefálica e resulta em maior potência e biodisponibilidade. Já o pramiracetam é considerado ainda mais lipofílico e potente, apresentando efeitos mais duradouros e concentração elevada no tecido cerebral.
Com relação aos seus efeitos, estudos mostram que o piracetam pode trazer benefícios para a memória, para a atenção e para o humor, especialmente em pessoas com alterações cognitivas leves, depressão associada a doenças cerebrovasculares ou após cirurgias cardíacas.
Ainda, há investigações relacionadas ao seu uso em diferentes contextos associados à saúde cerebral, como, por exemplo, epilepsia, distúrbios motores, transtornos neurodegenerativos, entre outros, sugerindo que esse ativo pode auxiliar em casos específicos, a depender de como será administrado.
O Ginkgo biloba é uma planta medicinal originária da China, utilizada há milhares de anos em diferentes contextos. Com relação à saúde cerebral, evidências mostram que o Ginkgo Biloba pode ajudar a reduzir alguns sintomas do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), funcionando como um complemento ao tratamento tradicional.
O extrato de Ginkgo Biloba também mostrou proteger a função cognitiva em pacientes que sofreram acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico agudo. Pesquisadores na China observaram que, quando combinado com aspirina, ele melhorou algumas habilidades cognitivas após seis meses de uso, em comparação à aspirina isoladamente, sem aumentar o risco de complicações vasculares.
Ainda, outros estudos mostraram que esse nootrópico pode ser considerado um bom aliado no tratamento do declínio cognitivo em pessoas com doenças como Alzheimer ou outras formas de transtorno neurocognitivo. Os resultados destacam que, após a utilização do extrato, os pacientes apresentaram melhorias em memória, raciocínio, velocidade de pensamento e indicadores comportamentais.
A citicolina (ou CDP-colina) é uma substância natural que pode ajudar na memória e no comportamento em diferentes situações.
Em pessoas entre 50 e 85 anos com perda leve de memória relacionada à idade, estudos mostram que a citicolina proporcionou benefícios importantes, especialmente na melhora da memória de eventos e experiências (memória episódica), além de favorecer a memória geral.
Já em outra abordagem, com jovens do sexo masculino, as evidências destacaram que a citicolina ajudou a melhorar a atenção, aumentar a velocidade dos movimentos e diminuir a impulsividade. Quanto maior a dose (ajustada ao peso), melhores foram os resultados na concentração, na precisão das respostas e no controle da impulsividade.
Lion’s Mane (Hericium erinaceus), também chamado de juba de leão por conta de sua aparência, é um fungo comestível comumente utilizado na medicina e culinária dos países asiáticos. Apresenta uma riqueza de compostos bioativos que parecem favorecer a saúde cerebral e o bem-estar mental.
Estudos destacam que ele pode ajudar a melhorar a memória, a concentração e o humor, além de proteger o sistema nervoso contra o envelhecimento celular. Isso acontece porque o ativo estimula a produção de uma substância chamada fator de crescimento nervoso (NGF), essencial para o crescimento e para a sobrevivência dos neurônios.
Uma pesquisa com adultos jovens e saudáveis mostrou que o Lion’s Mane pode melhorar a velocidade de raciocínio e ajudar a reduzir o estresse subjetivo. Outro dado, com mulheres na menopausa, descobriu que este cogumelo pode ajudar a reduzir sintomas como palpitações, apatia, irritabilidade e dificuldade de concentração, contribuindo para o bem-estar emocional e mental nessa fase.
O Alfa-GPC (ou alfaglicerilfosforilcolina) é uma substância natural que atua como precursora da acetilcolina, um neurotransmissor importante para a memória, para a atenção e para outras funções cerebrais. Ele age atravessando a barreira hematoencefálica e aumentando os níveis de colina, um nutriente essencial que o corpo utiliza para produzir acetilcolina no cérebro.
Estudos observaram que a suplementação com Alfa-GPC melhorou o desempenho cognitivo em jovens saudáveis, especialmente em testes que medem a atenção, a velocidade de processamento e a função executiva.
Em outro estudo, que avaliou a suplementação desse nutriente em indivíduos com declínio cognitivo leve, foi observado que, após 12 semanas de uso, houve melhora na memória, atenção e linguagem.
A vimpocetina é uma substância desenvolvida a partir da vincamina, um composto natural encontrado em plantas do tipo vinca, conhecida por estimular a circulação sanguínea no cérebro. Evidências apontam que ela é utilizada há mais de 30 anos no tratamento de doenças cerebrovasculares, como AVC e demência, em diversos países. Atualmente, também é usada como nootrópico para melhorar a memória e a cognição nesses casos.
Um estudo com 610 pacientes que sofreram infarto cerebral agudo avaliou o uso da vimpocetina por via intravenosa como parte do tratamento. Após 90 dias, os pacientes que receberam vimpocetina apresentaram melhorias significativas na função cognitiva, neurológica, no fluxo sanguíneo cerebral e na qualidade de vida.
A ashwagandha (Withania somnifera) é uma planta utilizada há milênios como medicamento no Oriente. Também conhecida como ginseng indiano, é muito estudada devido às propriedades que ajudam a acalmar o cérebro, além de auxiliar na redução da ansiedade e do estresse.
Em uma pequena investigação da suplementação com ashwagandha em adultos com comprometimento cognitivo leve (CCL), os resultados mostraram melhora significativa, em comparação ao placebo, em testes que avaliaram a memória, a função executiva e a atenção e velocidade de processamento da informação.
Referências científicas apontam que a Bacopa monnieri, também conhecida como brahmi, é uma planta tradicionalmente usada na medicina ayurvédica para melhorar a memória, tratar insônia, epilepsia e reduzir a ansiedade.
Esses efeitos também foram relatados em um estudo realizado com idosos saudáveis que avaliou os efeitos do extrato padronizado de Bacopa na cognição e no humor. Os participantes que utilizaram a planta apresentaram melhora na memória de longo prazo, maior capacidade de atenção, além de redução nos sintomas de depressão, ansiedade e na frequência cardíaca, em comparação ao grupo placebo.
Além dos nootrópicos, existem nutrientes que também auxiliam o funcionamento cerebral e, de acordo com a ciência, trazem benefícios para a cognição ou até mesmo para a saúde mental. Confira o que os pesquisadores encontraram sobre alguns deles:
DHA, ou ácido docosa-hexaenoico, é um ácido graxo essencial da família ômega-3. Estudos sugerem que a suplementação de DHA pode beneficiar a saúde mental de idosos com comprometimento cognitivo leve, ajudando a reduzir sintomas depressivos e possivelmente diminuindo o risco de progressão para demência.
Uma revisão de artigos destacou que o DHA é essencial não apenas durante o desenvolvimento e maturação cerebral – da gestação à adolescência -, mas também para o envelhecimento bem-sucedido durante a fase adulta. Isso, porque ele faz parte das membranas celulares, inclusive dos neurônios, garantindo estrutura e fluidez adequadas para que as células desempenhem suas funções.
Além disso, o nutriente também tem papel na neurogênese (formação de neurônios), neurotransmissão, neuroinflamação e sobrevivência celular, o que teria relação com seus efeitos na memória e cognição, por exemplo.
A L-teanina é um aminoácido encontrado no chá verde, amplamente reconhecido por seus efeitos relaxantes, como a redução do estresse, a melhora do humor e o apoio à qualidade do sono. Um estudo com adultos mais velhos mostrou que o composto melhorou a atenção, a memória e o tempo de reação. Após uma dose única, já houve mais agilidade e precisão em alguns testes de atenção e memória de trabalho.
Quando combinada à cafeína, os efeitos da L-teanina podem ser ainda mais expressivos. Uma pesquisa com atletas de elite do curling que usaram a combinação das duas substâncias tiveram melhora tanto no desempenho físico (precisão nos arremessos) quanto na performance cognitiva, como atenção e tempo de resposta. A combinação entre L-teanina e cafeína se mostrou mais eficaz do que o uso isolado de cada composto neste caso.
A fosfatidilserina é um fosfolipídio – uma gordura essencial presente principalmente na membrana interna dos neurônios, sendo o principal componente lipídico do cérebro.
Ela desempenha papel fundamental na comunicação entre as células cerebrais e na manutenção da função cognitiva. Evidências indicam que a suplementação de fosfatidilserina demonstrou melhorar a memória, a atenção e a flexibilidade mental em idosos com queixas de esquecimento, evidenciando seu potencial para apoiar funções cognitivas.
A suplementação com creatina é amplamente utilizada para melhorar o desempenho físico. Entretanto, a ciência destaca que cerca de 20% do estoque do nutriente está localizado no cérebro, e há evidências de que a creatina também tenha função na produção energética dessa região de alta demanda metabólica.
Nesse sentido, estudos mostram que a suplementação de creatina, além de aumentar os níveis desse nutriente no organismo, pode melhorar a memória e reduzir a fadiga mental em tarefas repetitivas. Os pesquisadores sugerem que a creatina ajuda a equilibrar o oxigênio no cérebro, possivelmente influenciando a produção de energia (ATP) nas mitocôndrias.
Quando combinada com a cafeína, os dados destacam que a creatina pode potencializar as funções cognitivas, melhorando o desempenho em testes de atenção, memória e velocidade de processamento.
As vitaminas do complexo B formam um grupo com funções importantes e distintas no organismo. No que diz respeito às funções cognitivas, destacam-se especialmente a vitamina B12 e a B9 (ácido fólico).
De acordo com estudos, a suplementação com vitamina B12 pode contribuir para a melhora da atenção, do raciocínio e da capacidade visual em pessoas com dificuldades cognitivas, principalmente em idosos.
Quando combinada ao ácido fólico (vitamina B9), os nutrientes parecem capazes de reduzir processos inflamatórios e melhorar o desempenho cognitivo em idosos com comprometimento cognitivo leve.
O magnésio também pode ser um importante aliado da saúde cerebral. Em pesquisas científicas, a suplementação com magnésio levou à melhora da qualidade do sono, especialmente nos estágios profundos – além de favorecer o humor, a energia, o estado de alerta e o desempenho ao longo do dia.
Uma pesquisa realizada com mais de 6 mil mulheres após a menopausa, acompanhadas por mais de 20 anos nos Estados Unidos, mostrou que uma ingestão moderada de magnésio, seja pela alimentação ou por suplementos, esteve associada a menor risco de comprometimento cognitivo leve e demência.
Por fim, podemos dizer que manter a saúde cerebral pode ser possível quando combinamos os efeitos dos nutrientes e outros compostos com um estilo de vida saudável, podendo beneficiar as funções cognitivas, como a memória. Continue a sua leitura sobre esse tema e descubra como melhorar sua memória com hábitos simples e nutrientes importantes.
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