Na medicina popular, o alecrim tem sido associado há séculos com a boa memória. Mas, vale a pena investigar se ele realmente tem essa função, afirma o Dr. Chris Van Tulleken*. Em termos científicos, existem diferentes tipos de memória. Há a memória relacionada ao passado – suas experiências e o que você aprendeu na escola. A memória presente, que é a sua memória de trabalho minuto-a-minuto. E há a memória futura ou o “lembrar-se de lembrar”, que para muitos de nós é a mais complicada. Quando ela falha acontecem coisas ruins – esquecemos de tomar o medicamento para o coração ou, pior ainda, comprar o presente de aniversário do cônjuge.
Há uma abundância de exemplos de pessoas que melhoraram enormemente a memória passada, mas a memória futura é mais complicada.
O alecrim tem sido associado à memória há centenas de anos. Ofélia em Hamlet diz a seu irmão Laertes: “Há alecrim, que é para a lembrança”. Mas isso não é o tipo de base para um estudo. Ela tinha afinal enlouquecido após a morte de seu pai e foi se matar logo após essa cena.
A equipe da Northumbria recrutou 60 voluntários mais velhos para testar os efeitos de óleo de alecrim como também de lavanda. Testaram esses voluntários em uma sala infundida com óleo essencial de alecrim, óleo essencial de lavanda ou nenhum aroma. Os participantes foram informados de que estavam lá para testar uma água vitamínica. Quaisquer comentários sobre os aromas foram tratados como irrelevantes e como se tivessem “sido deixados pelo grupo anterior que usou a sala”.
Em seguida, os voluntários, fizeram um teste projetado para testar a memória prospectiva. É um teste inteligente com muitas nuances, de modo que você nunca sabe o que está sendo testado.
No início, objetos estão escondidos ao redor da sala em lugares onde precisam ser lembrados ao final do experimento. Em seguida, ocorre um momento de distração, mas com divertidos quebra-cabeças de palavras, enquanto as demandas feitas pelos testadores ficavam cada vez mais complexas para a memória. “Daqui a sete minutos você pode me entregar este livro?” ou “Quando você se deparar com uma pergunta sobre a rainha no jogo de quebra cabeças, será que você pode me lembrar de pegar meu carro na garagem?”.
O que a equipe de Mark encontrou foi notável. Os voluntários no quarto com a infusão de alecrim obtiveram estatisticamente melhor resultados do que aqueles do grupo controle, e o grupo lavanda obteve uma diminuição significativa de desempenho. A lavanda é tradicionalmente associada com o sono e sedação. Como poderia o vapor de óleos essenciais, eventualmente, ter esse efeito?
Acontece que existem compostos no óleo de alecrim que podem ser responsáveis por alterações no desempenho da memória. Um deles é chamado 1,8 cineol – que pode agir da mesma forma como os medicamentos licenciados para tratar a demência, causando um aumento do neurotransmissor chamado acetilcolina.
Estes compostos impedem a ruptura do neurotransmissor por uma enzima. E isso é muito plausível, desde que a inalação é a melhor maneira de ‘levar’ o medicamento para o cérebro. Quando você ingere um medicamento, ele pode ser metabolizado no fígado que processa tudo que é absorvido pelo intestino, mas através de inalação as pequenas moléculas podem passar para a corrente sanguínea e de lá para o cérebro sem ser metabolizado pelo fígado. A pesquisa de Mark e sua equipe confirmou isto por meio de amostras de sangue onde encontraram traços de substâncias químicas do óleo de alecrim.
As implicações desse tipo de pesquisa são enormes, mas não significa que você precisa passar os seus dias cheirando alecrim ou dormindo sobre um travesseiro de lavanda. Os efeitos foram mensuráveis, mas mesmo sendo modestos, eles nos dão um indício de que mais pesquisas sobre alguns dos produtos químicos encontrados nos óleos essenciais poderia contribuir para a nossa compreensão da memória e função cerebral.
É também importante recordar que qualquer medicamento que possui um efeito mensurável, mesmo se inalado a partir de um óleo essencial tradicionalmente preparado, pode também possuir um efeito colateral significativo. Você não pode mexer com a bioquímica do cérebro e esperar que as coisas sejam simples.
*N. do T.: Médico de doenças infecciosas e apresentador de TV britânico.
Traduzido por Essentia Pharma
Fonte: http://www.bbc.com/news/magazine-33519453
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