O corpo humano é habitado por bilhões de bactérias simbióticas, carregando uma diversidade única para cada indivíduo. A microbiota está envolvida em vários mecanismos, incluindo a digestão, a síntese de vitaminas e de defesa do hospedeiro. Está bem estabelecido que a perda de bactérias simbiontes promove o desenvolvimento de alergias. Cientistas do Instituto Pasteur conseguiram explicar esse fenômeno e demonstrar como a microbiota atua sobre o equilíbrio do sistema imunológico: a presença de micróbios bloqueia especificamente as células do sistema imunológico responsáveis por desencadear alergias. Estes resultados foram publicados na revista Science.
A hipótese da higiene sugere uma associação entre o declínio de doenças infecciosas e o aumento de doenças alérgicas em países industrializados. As melhorias nos níveis de higiene conduzem necessariamente a um contato reduzido com micróbios que está em paralelo com um aumento da incidência de doenças alérgicas e autoimunes, tais como diabetes tipo 1.
Estudos epidemiológicos têm comprovado essa hipótese, mostrando que crianças que vivem em contato com animais de fazenda – e, portanto, com mais agentes microbianos – desenvolvem menos alergias durante a vida. Por outro lado, estudos experimentais mostraram que a administração de antibióticos a camundongos nos primeiros dias de vida resulta em uma perda de flora microbiana, e posteriormente, num aumento da incidência alérgica.
No entanto, até agora, os mecanismos biológicos subjacentes a este fenômeno ainda não estão claros. Neste estudo publicado na revista Science, a equipe liderada por Gérard Eberl (chefe da Microenvironment and Immunity Unit do Instituto Pasteur) mostra que, em camundongos, os micróbios intestinais simbióticos agem sobre o sistema imunológico, bloqueando reações alérgicas.
Vários tipos de respostas imunitárias podem ser geradas, a fim de defender o organismo. A presença de micróbios bacterianos ou fúngicos provoca uma resposta de células imunes conhecidas como células de tipo 3. Estas células imunes coordenam a fagocitose e a morte dos micróbios. No entanto, no caso da infecção por agentes patogênicos que são demasiado grandes para serem manuseados por células tipo 3 (tais como os vermes parasitas e determinados alérgenos), as células que organizam a eliminação do patogênico, mas também as reações alérgicas, são conhecidas como tipo 2.
Neste estudo, os cientistas mostraram que as células tipo 3 se ativaram durante um ato de agressão microbiana nas células tipo 2 e bloquearam sua atividade. As células tipo 2 são, consequentemente, capazes de gerar respostas imunes alérgicas. Este trabalho demonstra que a microbiota indiretamente regula respostas imunes tipo 2 através da indução de células tipo 3.
Estes resultados explicam como um desequilíbrio na microbiota desencadeia uma resposta imune tipo 2 exagerada e normalmente usada para combater parasitas grandes, mas que também leva a respostas alérgicas.
Isto representa um marco importante na compreensão do equilíbrio entre nossos vários mecanismos de defesa. Em termos de tratamento de alergia, uma abordagem terapêutica até agora inexplorada consiste, por conseguinte, na estimulação de células tipo 3 imitando um antigênico microbiano, a fim de bloquear as células do tipo 2.
Estudo financiado por: French National Agency for Research, French Medical Research Foundation, Simone & Cino Del Duca Foundation, European Commission, e “Integrative Biology of Emerging Infectious Diseases” Laboratory of Excellence.
Traduzido por Essentia Pharma
Fonte:http://www.pasteur.fr/en/institut-pasteur/press/press-documents/role-microbiota-preventing-allergies
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