Os estressores ambientais, físicos e mentais causam a produção de espécies reativas de oxigênio, também conhecidas como radicais livres. Esta produção sujeita o corpo humano às pressões do estresse oxidativo.
Os radicais livres são células altamente reativas, instáveis que consistem em moléculas não emparelhadas com elétrons. As células ‘não gostam de existir’ neste estado não pareado e, portanto, procuram pelo corpo áreas estáveis, mas talvez vulneráveis para poderem roubar elétrons. Os radicais livres não discriminam. Eles precisam se estabilizar e irão pegar os elétrons de onde quer que encontrem disponíveis.
Embora os radicais livres desempenham um papel importante no organismo e exercem defesa imunológica e função celular, o seu excesso leva a danos generalizados, sendo associados com o desenvolvimento de doenças, tais como doença cardiovascular, câncer e doenças neurodegenerativas.
Essencialmente, o estresse oxidativo é como um desequilíbrio entre os sistemas oxidante e antioxidante do corpo. Os antioxidantes estabilizam os radicais livres, proporcionando um fornecimento de elétrons para estabilizar as células. Portanto, se pudermos ajudar o corpo, fornecendo mais antioxidantes, faz sentido que o estresse oxidativo é reduzido e danos a órgãos e tecidos são também reduzidos.
Os alimentos são uma das melhores fontes de antioxidantes biodisponíveis para o corpo humano, com o azeite extra virgem (AOEV) sendo a fonte mais estudada. De acordo com um estudo publicado na revista Food Chemistry, 2014, ácidos fenólicos, álcoois fenólicos, secoiridoides, lignanas e flavonas são as categorias identificadas no AEV como mais importantes. Embora seja provável, devido à atividade sinérgica de todos os compostos do azeite de oliva, segundo a pesquisa, fenóis conhecidos como tirosol e hidroxitirosol, e respectivas frações, ácido 3,4-dihidroxifeniletanol-elenólico (3,4-DHPEA-EA) e ácido 3,4- dihidroxifeniletanol-elenólico dialdeído (3,4-DHPEA-EDA), são os compostos identificados como fornecedores de maiores atividades antioxidantes.
No estudo publicado em Food Chemistry, os investigadores analisaram uma variedade de AOEV para avaliar as suas capacidades contra radicais, de inibir peróxidos lipídicos, habilidade de limpeza de óxido nitroso (NO) e peróxido de hidrogênio (H202) – todos sendo testes de escala antioxidante. Nenhuma variação para os azeites mostrou limpeza quanto ao H202, sendo que todos mostraram capacidade de eliminação de 69,9 a 76,8%. Todas as frações analisadas exibiram inibição forte contra os radicais livres, mas houve variação na amostra de 14,8 a 26,6 ng/mL. A inibição da degradação do ácido linoleico variou de 39 a 45%, e nenhuma atividade de eliminação variou de 29,8 a 40,7%.
Outro estudo mais recente, publicado no Journal of Food Composition and Analysis, 2015, analisou 32 azeites de oliva extra virgem do mercado varejista italiano para medir a sua capacidade antioxidante. Um teste chamado ensaio de ABTS é vulgarmente usado para testar os níveis de antioxidantes em alimentos. A atividade antioxidante média de ABTS para os AOEVs foi de 32,4 u.mol equivalentes de Trolox. Apenas duas das amostras foram significativamente mais elevadas, em aproximadamente 66 u.mol.
Em geral, a atividade antioxidante total nessa amostra de AOEVs foi atribuída ao polifenol hidroxitirosol, juntamente com o conteúdo de alfa-tocoferol. Outra observação interessante foi que o amargor das amostras foi um atributo dos óleos de melhor qualidade. Portanto, escolher um azeite com notas picantes amargas vai entregar maior valor antioxidante.
Embora muitos estudos mostram que o AOEV fornece uma variedade de diferentes benefícios para a saúde, em muitos casos os mecanismos ainda não são completamente compreendidos. Ainda assim, grande parte da pesquisa sobre o azeite em relação à prevenção de doença ou à reversão do seu risco, frequentemente atribui a redução do estresse oxidativo como um dos principais mecanismos.
Um estudo publicado em Food & Function, 2015, descobriu que os compostos polifenólicos do azeite de oliva extra virgem, 3,4-DHPEA-EA e 3,4-DHPEA-EDA, protegem significativamente os glóbulos vermelhos do estresse oxidativo. Em relação à doença cardiovascular, o AOEV alterou o estado de estresse oxidativo, inflamação, peroxidação lipídica e perfil lipídico na doença. Os pesquisadores chegaram a sugerir que o AOEV pode ser benéfico para a prevenção de doenças relacionadas com o estresse oxidativo, tais como a retinopatia da prematuridade, displasia bronco-pulmonar, leucomalácia periventricular e enterocolite necrosante, em recém-nascidos de muito baixo peso.
O sistema nervoso central é particularmente susceptível ao estresse oxidativo. Como um estudo publicado em Food Science and Technology explica: “Isto é, principalmente, devido às suas altas quantidades de ácidos graxos poli-insaturados que constituem facilmente substratos oxidáveis e um inerente alto fluxo de espécies reativas de oxigênio (ROS). Outra razão do estresse oxidativo é o baixo nível de enzimas antioxidantes endógenas no local em relação a outros tecidos e seu alto consumo de oxigênio”.
O azeite de oliva extra virgem também exerceu uma influência positiva sobre o estresse oxidativo do sistema nervoso central, em particular nos níveis de peróxidos de lipídios do cérebro e ajudando a restabelecer a composição de ácidos graxos cerebrais – especialmente os níveis do ácido docosahexaenoico (DHA). Também foi mostrado que o azeite aumentou as atividades de enzimas antioxidantes para ajudar a mitigar os danos oxidativos que levam a desordens neurodegenerativas, tais como Alzheimer e Parkinson.
O papel que o AOEV desempenha na redução do estresse oxidativo é extremamente importante. Claramente, a pesquisa mostra que ele possui um bom custo benefício e é um alimento antioxidante que pode ser prescrito para consumo diário para reduzir os efeitos do estresse oxidativo e, portanto, reduzir o risco e progressão de muitas doenças.
Estudos: Food Chemistry, 2014, Phenolic compounds and antioxidant capacity of virgin olive oil.
Journal of Food Composition and Analysis: Nutritional quality assessment of extra virgin olive oil from the Italian retail market: Do natural antioxidants satisfy EFSA health claims?
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