Por décadas, pesquisadores da área da saúde em todo o mundo sabem que os atletas desfrutam de um risco significativamente menor de câncer – entre eles, câncer de pulmão, rins, mama, ovário e colo do útero.
No passado, foi sugerida a possiblidade de uma explicação simples: atletas comem mais saudavelmente e são menos susceptíveis de fumar. Atualmente, há evidências mostrando que, na verdade, é o exercício que, de maneira complexa, protege nossos corpos contra o câncer. Além disso, para os pacientes com câncer, o exercício pode aumentar significativamente suas chances de sobrevivência. E ninguém precisa ser um atleta campeão para colher os benefícios.
Pesquisadores dinamarqueses dizem que a adrenalina liberada quando exercitamos é a chave para o efeito protetor.
Os médicos do Hospital Universitário de Copenhagen injetaram células cancerosas em dois grupos de camundongos. O primeiro grupo podia correr à vontade numa roda, além de se movimentar dentro de suas gaiolas. O segundo grupo não tinha roda para correr e podia somente se deslocar normalmente dentro de suas gaiolas.
Dra. Pernille Hojman, a oncologista que liderou o estudo, diz que quando os camundongos foram expostos a um produto químico conhecido por causar câncer de fígado, apenas um terço do grupo de exercício desenvolveram tumores, em comparação com três quartos do grupo sem exercício. Adicionalmente, os tumores do grupo exercício foram cerca de 60% menores do que os de seus homólogos sedentários.
Quando a Dra. Hojman estudou os tumores dos animais que se exercitavam, ela descobriu que continham mais células de combate à infecção do que os tumores dos animais sedentários. A partir daí, ela observou que um tipo de célula de defesa imunológica, chamada de célula natural killer, lutava contra o câncer nos camundongos que se exercitavam.
A adrenalina é conhecida por alimentar nossas células natural killer, e um outro produto induzido pelo exercício, a interleucina-6, ajuda estas células do sistema imunológico para atingir os tumores.
Quando a equipe de pesquisa injetou adrenalina e interleucina-6 em camundongos sedentários cancerosos, o sistema imunológico dos roedores atacou os tumores de forma tão eficaz como se tivessem se exercitado regularmente.
Em artigo na revista Cell Metabolism, a Dra. Hojman relatou que a terapia hormonal combinada poderia ajudar as pessoas que estão impossibilitadas ou muito doentes para se exercitarem para obterem alguns benefícios do esforço físico no combater ao câncer.
No entanto, ela é rápida para minimizar a ideia de que o “exercício sob injeção” possa trazer os mesmos benefícios anticâncer que o exercício físico traz. Entre eles, está o poder do exercício de reduzir a inflamação, o mecanismo do organismo para combater infecções.
À medida que envelhecemos, nossas defesas ficam cada vez mais propensas a produzir excesso de substâncias químicas inflamatórias. Numerosos estudos têm demonstrado como a inflamação crônica pode danificar o DNA dentro das células, tornando-o significativamente mais propenso a se tornar canceroso.
A inflamação crônica também foi encontrada para aumentar o risco de alguns tumores recorrentes como o câncer de mama.
Pesquisadores australianos relataram no jornal Breast Cancer Research & Treatment no início deste ano que o treino com peso suave pode abaixar os níveis de inflamação em mulheres que normalmente não se exercitam. Eles estudaram 39 mulheres que sobreviveram ao câncer de mama e descobriram que, quando as mulheres se exercitavam três vezes por semana, seus níveis de substâncias químicas inflamatórias caíam significativamente – o que deve reduzir o risco da doença recorrente.
O exercício também parece estimular a liberação de uma outra substância de combate ao tumor – o químico cerebral dopamina, afirmam cientistas chineses.
Eles verificaram que quando camundongos com câncer do fígado foram colocados para nadar moderadamente, mas regularmente, níveis de dopamina aumentaram em seus corpos e seus tumores encolheram. E relataram na revista Oncogene que estes benefícios do exercício moderado desapareciam quando davam aos animais uma droga que bloqueava a ação da dopamina. Mas também descobriram que, quando faziam os animais nadarem excessivamente, o efeito protetor do exercício desaparecia – talvez devido à exaustão física. O exercício físico regular tem um outro efeito, mais óbvio: a perda de peso e perda de gordura corporal que também é uma forma de reduzir o risco de câncer.
Em março, um consórcio europeu de cientistas do exercício realizou uma revisão das pesquisas existentes e concluiu que ter depósitos de gordura ao redor do estômago aumenta o risco de câncer de estômago, esôfago, fígado, vias biliares e leucemia.
Os pesquisadores relataram em Cancer Causes & Control que, em mulheres, a gordura abdominal também eleva o risco de câncer do rim, bexiga e colorretal.
A instituição de caridade Cancer Research UK está financiando um experimento em 50 homens com câncer de próstata, de início e crescimento lento, para ver se o exercício atrasa o progresso da doença.
Metade dos homens no estudo irá fazer 2 horas e meia de exercício aeróbico por semana durante 12 meses, inicialmente apoiados por treinadores. A outra metade dos homens ganhará informações sobre os benefícios do exercício para pacientes com câncer, mas não terá sessões supervisionadas.
O Dr. Liam Bourke, principal pesquisador da Sheffield Hallam University, a qual está conduzindo o estudo, afirma que ainda falta a total compreensão sobre os mecanismos do poder do exercício contra o câncer.
“Há indicações de estudos em seres humanos que indicam que o exercício pode beneficiar os genes que controlam a replicação celular”, diz ele. “O câncer ocorre quando o processo de replicação celular dá errado.”O estudo do Dr. Bourke também pretende encontrar a quantidade suficiente de exercício para a obtenção dos benefícios. A evidência até agora mostra que o exercício relativamente suave é mais eficaz. “Você não tem que ser um atleta para obter os benefícios”, diz o Dr. Bourke.
Traduzido por Essentia Pharma
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