Você já deve ter ouvido falar na vitamina D e na importância de manter os seus níveis adequados. Não é à toa! Nos últimos anos, muitas pesquisas estão trazendo evidências de que ela pode contribuir com a prevenção e tratamento de diversas condições.
A vitamina que “vem do sol” é famosa por sua relação com o sistema imunológico e a saúde dos ossos, além de ser responsável por muitos outros processos no organismo.
Confira neste texto tudo o que você precisa saber sobre a vitamina D3 e quais os seus principais benefícios para a saúde.
O que é e qual o diferencial da vitamina D3?
A atuação da vitamina D já é pesquisada desde o século 17, ganhando inclusive um Prêmio Nobel em 1938. O que nem todo mundo sabe é que, na verdade, ela é um complexo de hormônios, sendo a vitamina D3 (colecalciferol) a principal e mais estudada forma.
Outra forma muito conhecida de vitamina D é a D2 (ergocalciferol), que é sintetizada por plantas e fungos e parece proteger contra a radiação ultravioleta (UV). Já a vitamina D3 é adquirida principalmente por meio da exposição solar, mas também pode ser encontrada em alguns alimentos, como óleo de fígado de bacalhau, atum e salmão.
O processo de produção da vitamina D3 pelo sol funciona assim: os raios solares penetram na epiderme da pele, resultando em uma ação fotoquímica que, juntamente com a atuação do fígado e dos rins, converte as moléculas 7-dehidrocolesterol em vitamina D. Vale lembrar que até 80% da vitamina D é produzida dessa forma.
Ainda, a literatura considera a vitamina D3 como mais eficaz na melhoria do status sérico do nutriente, especialmente em doses de ataque. No entanto, tanto a D2 quanto a D3 são apontadas como eficientes e seguras, abrangendo uma ampla janela terapêutica.
Quais as funções da vitamina D3 no organismo?
A vitamina D3 é muito conhecida pelo seu papel no metabolismo do cálcio e na formação óssea. No entanto, ela parece ter influência em diferentes condições de saúde. Confira as principais:
Efeitos no sistema imunológico
Diversos estudos têm vinculado a deficiência de vitamina D com condições crônicas associadas ao aumento da inflamação e à desregulação do sistema imunológico, como diabetes, asma e artrite reumatoide. Isso é reforçado pelas descobertas de que muitas células imunológicas expressam, em suas superfícies, receptores de vitamina D e enzimas envolvidas no seu metabolismo.
Ainda, esse nutriente é conhecido por ser um regulador do sistema imunológico inato, aumentando a quimiotaxia e autofagia de células imunes, além de estimular o aumento da atividade antimicrobiana de macrófagos. Nesse sentido, a vitamina D3 parece exercer efeitos benéficos na função imunológica, especialmente em condições autoimunes.
Gestantes
Baixos níveis de vitamina D na gestação podem estar associados ao surgimento de infecções do trato respiratório, como a bronquiolite, e a asma. Ainda, há evidências de que a deficiência materna de vitamina D está relacionada, também, ao risco de pré-eclâmpsia, diabetes mellitus gestacional, parto prematuro, bebês pequenos para a idade gestacional e formação óssea fetal prejudicada. Por isso a importância de acompanhar os níveis durante a gravidez.
Crianças
Já na infância, além dos seus conhecidos efeitos sobre a formação óssea e o crescimento adequado, a vitamina D é fundamental para ajudar na prevenção de infecções por vírus e bactérias, já que os bebês demoram a desenvolver a imunidade e as infecções respiratórias são muito frequentes na fase escolar.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a suplementação desde a primeira semana de vida, inclusive em bebês em aleitamento materno exclusivo, já que as concentrações no leite materno e nas fórmulas infantis não garantem o aporte adequado.
Covid-19
Muito se falou dos benefícios da vitamina D para a imunidade também no contexto da Covid-19. Ela foi um dos suplementos mais utilizados nesse período para ajudar nas estratégias de prevenção. Uma pesquisa transversal realizada em 2022 com indivíduos infectados (ou não) pelo SARS-CoV-2 verificou que os níveis séricos da substância eram significativamente mais baixos nos indivíduos infectados em comparação aos saudáveis.
Além disso, foi observada uma correlação entre os níveis de vitamina D, a gravidade da Covid-19 e marcadores inflamatórios específicos nos pacientes acometidos pela doença.
Influência na saúde mental
Muitos fatores e mecanismos desempenham um papel na fisiopatologia da depressão, mas, atualmente, acredita-se que um desses fatores pode ser a deficiência de vitamina D3. Uma revisão científica apontou que o funcionamento do sistema nervoso central (SNC) é afetado diretamente pela vitamina, visto que ela participa de processos de neuromodulação, neuroproteção e neuroplasticidade.
Além disso, está envolvida na síntese de catecolaminas, aumentando a produção de dopamina, noradrenalina e adrenalina. Nesse sentido, é comum que na população de pacientes que sofrem de transtornos depressivos, a deficiência ou insuficiência de vitamina D3 ocorra com mais frequência do que na população em geral.
Depressão
Ademais, o uso de vitamina D3 em pacientes com depressão pode apresentar efeitos positivos no manejo da doença, atuando como adjuvante ao tratamento quando há a deficiência do nutriente. Porém, essa ligação ainda não é bem compreendida pela ciência.
Segundo um artigo científico de revisão sobre o tema, não se sabe se um baixo nível de vitamina D pode influenciar no surgimento da depressão ou se a depressão é que causa um baixo nível de vitamina D. A única certeza é que o risco de depressão pode ser agravado ainda mais por baixos níveis séricos de vitamina D, o que justifica o acompanhamento médico e a suplementação, caso necessário.
Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH
Ainda, a suplementação de vitamina D3 pode ter influência positiva na saúde mental de crianças com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH. Isso, porque já se sabe que pode ser comum a deficiência de micronutrientes em crianças com TDAH.
Um estudo recente identificou que a suplementação de vitamina D em conjunto com o magnésio, por um período de oito semanas em crianças diagnosticadas com TDAH, melhorou os níveis séricos desses nutrientes em comparação ao grupo placebo.
Além disso, houve redução significativa em problemas emocionais, de conduta, com colegas, dificuldades totais e escores de externalização e internalização no grupo experimental em comparação ao controle.
Benefícios para ossos e músculos
A ligação entre a vitamina D e a saúde dos ossos é antiga e remete à descoberta do raquitismo, condição que resulta em ossos fracos em bebês e crianças. O termo foi usado pela primeira vez em 1634 e, mais de dois séculos depois, descobriu-se que o óleo de fígado de bacalhau ajudava a curar a doença.
Já em 1822 descobriu-se a relação entre a luz solar e o raquitismo. Em 1922, cunhou-se o termo “vitamina D” em artigos que sugerem a existência de uma vitamina que promove a deposição de cálcio. Ou seja, as hipóteses de que o óleo de bacalhau e a exposição solar poderiam influenciar na cura da doença ligada aos ossos estavam relacionadas à presença de vitamina D.
Descobertas atuais
Hoje, já se entende também que bons níveis de vitamina D podem ajudar na prevenção contra a osteoporose. Embora essa seja uma doença multifatorial, a deficiência da vitamina se mostra um fator importante para o seu surgimento.
É que sem níveis suficientes de vitamina D, a absorção do cálcio não acontece em níveis adequados, resultando em aumento da reabsorção óssea, condição que enfraquece a estrutura dos ossos e pode levar a fraturas.
De acordo com a literatura de revisão, os resultados de vários ensaios clínicos sugerem que a suplementação de vitamina D pode retardar a perda de densidade óssea ou até mesmo diminuir o risco de fraturas osteoporóticas em homens e mulheres que apresentam níveis insuficientes de vitamina D.
Vitamina D3 e cálcio
A vitamina D3 também permite a entrada de cálcio nas células musculares, ajudando a ampliar a capacidade de contração dos músculos que, como consequência, estimula o crescimento de massa muscular, o tônus e a força.
Além disso, existem evidências de que baixos níveis plasmáticos de vitamina D estariam envolvidos na fraqueza muscular associada ao envelhecimento. Há vários indícios de que a vitamina D participa de dois aspectos importantes da função neuro-muscular: a força muscular e o equilíbrio.
Especialmente no que se refere à célula muscular esquelética, sabe-se que a vitamina D atua através de um receptor específico, exercendo ações que envolvem desde a síntese proteica, a manutenção da massa muscular e até a força e a velocidade de contração muscular.
Contribuição para a saúde da pele
Há estudos que indicam que a vitamina D3 pode exercer uma série de efeitos que contribuem para a saúde cutânea. Essas atividades positivas ocorrem devido ao seu poder de modulação do sistema imunológico, redução de reações inflamatórias e, por consequência, controle de radicais livres.
Esse conjunto de propriedades contribui para ações na redução dos danos causados à pele pela radiação solar, além de ajudar a prevenir o surgimento de rugas e linhas de expressão.
Ainda, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia – SBD, a vitamina D via oral pode atuar também na prevenção de acne e infecções na pele.
Complicações associadas à falta de vitamina D3
A insuficiência ou deficiência de vitamina D está diretamente envolvida em quadros como raquitismo e osteomalácia. Além disso, também já foi associada a diferentes quadros de saúde de acordo com a literatura, entre eles:
- Depressão;
- Osteoporose;
- Obesidade;
- Diabetes Mellitus (DM);
- Hipertensão arterial sistêmica (HAS);
- Acidente vascular cerebral (AVC);
- Insuficiência cardíaca;
- Doenças inflamatórias intestinais;
- Neoplasias;
- Esclerose múltipla;
- Doenças cardíacas.
Onde encontrar vitamina D3?
Cerca de 80% da vitamina D que circula no organismo é produzida na exposição direta ao sol, sendo essa a melhor forma de obter a D3. Depois disso, há as opções de alimentos fontes da vitamina, e a suplementação, que pode contribuir com a manutenção de níveis adequados. Confira mais detalhes:
Alimentos com vitamina D3
A vitamina D3 pode ser encontrada em poucos alimentos, entre eles:
- Óleo de fígado de bacalhau: 25µg de vitamina D3 em cada colher de sopa;
- Atum: 5,38µg de vitamina D3 em cada posta de 100g;
- Salmão: 11,83μg de vitamina D3 em cada filé de 100g.
Outros autores citam ainda peixes como cavala, fígado bovino, queijo e gemas de ovo como tendo menores quantidades do nutriente.
Suplementos e manipulados
Apesar de a exposição solar ser uma das principais formas de se obter vitamina D3, é importante destacar que, segundo a Academia Americana de Dermatologia, a radiação ultravioleta pode ser prejudicial para a barreira cutânea, além de ser um fator de risco para o câncer de pele.
Portanto, quando os níveis não estão adequados e a exposição ao sol deve ser evitada, uma das opções pode ser a suplementação desse nutriente e, nesse caso, é essencial seguir a recomendação de um médico ou nutricionista.
Dentre as opções, existem atualmente os suplementos prontos de vitamina D3 e, também, fórmulas manipuladas via oral ou intramuscular. Para as crianças, é possível optar por formatos bem aceitos pelos pequenos, como as vitaminas em gomas mastigáveis. No entanto, a escolha deve ser feita sempre de acordo com a recomendação do profissional de saúde que lhe acompanha.
Exposição ao sol
Como você viu, o processo de absorção da vitamina D3 é ativado pela radiação UVB na pele. No entanto, para que aconteça esse mecanismo, é necessário se expor ao sol sem o uso de protetor solar. Levando em consideração os riscos que a exposição desprotegida pode acarretar para a saúde da pele, a recomendação, nesse caso, é tomar sol por, no máximo, 15 minutos, em dias alternados e sempre protegendo o rosto.
Ainda, é fundamental seguir a orientação de um dermatologista para conseguir aproveitar esse benefício do sol de forma segura e eficiente.
Vale lembrar que pegar sol em horários adequados é benéfico não apenas para absorção da vitamina D, mas para a saúde como um todo. Confira todos os benefícios do sol e como aproveitá-lo com segurança.