Nos últimos anos, a evidência vem mostrando que o contraceptivo injetável acetato de medroxiprogesterona de depósito (Depo-Provera ou DMPA) está associado com um risco maior de infecção por HIV. Agora, um estudo publicado na 1a edição de mBio, uma revista de acesso aberto on-line da Sociedade Americana de Microbiologia, fornece uma explicação biológica para o fenômeno. Os resultados vão ajudar as mulheres a fazer escolhas mais informadas sobre o controle de natalidade.
“Antes desse estudo, haviam muitos relatos controversos, alguns mostrando que o DMPA aumenta o risco de infecção pelo HIV, enquanto outros mostravam que isso não acontecia, e, não havia nenhuma explicação biológica para as diferenças entre os estudos”, relatou a autora Raina Fichorova, PhD , MD, diretora da Divisão de Biologia do Trato Genital do Brigham and Women Hospital e professora associada de obstetrícia, ginecologia e biologia reprodutiva da Harvard Medical School, Boston. “Esse novo estudo oferece uma explicação para os estudos inconsistentes, se situando nas comunidades microbianas do trato reprodutivo.”
Os pesquisadores analisaram a cervical com o uso de swab e dados de 823 mulheres, com idades entre 18 e 35 anos, que eram HIV negativo e matriculadas em clínicas de planejamento familiar em Uganda e Zimbabwe. Cerca de 200 mulheres na coorte foram infectadas pelo HIV. As mulheres foram divididas em três grupos, aquelas que utilizaram o DMPA, aquelas que usaram contraceptivos orais de estrogênio e progesterona, e aquelas que não usavam anticoncepcionais hormonais. Dentro de cada um desses grupos, os pesquisadores compararam os resultados com o de mulheres que possuíam um ambiente saudável vaginal (dominado por morfotipos de Lactobacillus e livre de vaginose bacteriana), com o de mulheres que apresentavam uma microbiota vaginal perturbada ou uma infecção de bactérias, fungos ou parasitas.
A equipe, então, observou se as mulheres que tomavam contraceptivos orais ou recebiam DMPA estavam mais em risco de alterações imunológicas – o que pode aumentar a vulnerabilidade de uma pessoa à infecção pelo HIV, do que as mulheres que não tomavam contraceptivo hormonal. Eles descobriram que o uso de DMPA foi associado com um aumento destas alterações imunológicas e que a presença de certos tipos de infecções vaginais aumentou ainda mais o risco. Além disso, as mulheres que tinham certas infecções vaginais ou uma microbiota perturbada e tomaram contraceptivos orais também estavam em maior risco para esse desfavorável perfil imunológico.
Por exemplo, as mulheres que tiveram herpes e usaram o DMPA, assim como as mulheres que tiveram herpes ou microflora vaginal perturbada e, ao mesmo tempo tomaram contraceptivos orais contendo levonorgestrel, foram mais propensas a ter níveis elevados de proteínas que atraem as células hospedeiras de HIV. Este tipo de resposta inflamatória está implicada no aumento do risco de infecção, transmissão, ou progressão do HIV.
A equipe de pesquisa também descobriu que as infecções simultâneas ou microbiota vaginal perturbada também podem exacerbar a supressão do sistema imunológico pelo DMPA, aumentando assim a vulnerabilidade da mulher ao HIV. Por exemplo, o DMPA pareceu suprimir respostas imunes ao Trichomonas vaginalis, um parasita generalizado que ajuda na infecção pelo HIV.
“As mulheres merecem saber mais para que possam fazer escolhas informadas sobre o controle de natalidade. Tanto os homens como as mulheres devem ser informados sobre os nossos resultados, como ambos os parceiros estão em risco e precisam prevenir e tratar infecções”, disse a Dra. Fichorova. “Estudos de novos métodos contraceptivos devem avaliar como impactam o meio ambiente microbiano e como agem em conjunto com os distúrbios de microbianos tratáveis preexistentes, para enfraquecerem a barreira mucosa contra o HIV e outras infecções. Nossa esperança é evitar os efeitos colaterais indesejados de contraceptivos hormonais disponíveis, melhorar e salvar milhões de vidas através do desenvolvimento de novas ferramentas e abordagens acessíveis para restaurar e manter o ambiente microbiano vaginal saudável em mulheres em idade reprodutiva.”
Fonte:http://www.sciencedaily.com/releases/2015/09/150901113422.htm
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