Um novo estudo relata que as bactérias que vivem no trato gastrointestinal de uma pessoa podem influenciar a saúde do seu coração, afetando seu peso, lipídios no sangue e os níveis de colesterol.
Os investigadores estimaram que a composição da comunidade de bactérias intestinais de uma pessoa poderia explicar 4 por cento das variações observadas nos níveis de colesterol HDL (‘bons’), cerca de 5 por cento das diferenças observadas no peso corporal, e até 6 por cento da variação dos triglicerídeos das pessoas (gorduras no sangue). Esses efeitos se mantiveram mesmo depois que os pesquisadores levaram em consideração a idade, sexo e genética.
“O estudo fornece evidência sólida do papel dos micróbios do intestino no índice de massa corporal (IMC) e lipídios no sangue”, disse Jingyuan Fu, professora associada de genética da University Medical Center Groningen, na Holanda, e principal autora do novo estudo. A pesquisa foi publicada hoje (10 de setembro) na revista Circulation Research.
Nenhum estudo havia estimado anteriormente o quanto da variação no IMC e lipídios no sangue poderia ser explicado através de bactérias intestinais. Compreender em que medida o microbioma intestinal controla os níveis de lipídios no sangue poderia ajudar os cientistas a desenvolver tratamentos para prevenir doenças cardíacas, disse ela. Tais tratamentos usariam esta comunidade bacteriana como um alvo possível de medicar.
No estudo, os pesquisadores analisaram dados coletados de cerca de 900 homens e mulheres dos Países Baixos, com idades entre 18 a 80. Cada participante do estudo foi pesado e teve seu sangue coletado para medir seus níveis de colesterol HDL (“bom”) e LDL (“mau”), colesterol total e triglicerídeos. Os participantes também apresentaram amostras fecais, as quais foram analisadas para identificar as bactérias que continham, bem como para determinar a sua diversidade e riqueza. Adicionalmente, completaram questionários sobre suas dietas, hábitos de estilo de vida, histórico médico e os medicamentos que estavam tomando. Esses fatores podem afetar a quantidade e os tipos de bactérias no intestino.
Os investigadores identificaram 34 micro-organismos no trato digestivo humano que podem influenciar no peso e lipídios no sangue de uma pessoa. Os resultados também mostraram que as pessoas que tinham níveis de lipídios no sangue saudáveis foram mais propensas a ter níveis mais elevados de diversidade microbiana em seu intestino, em comparação com as pessoas com níveis de lipídios no sangue menos saudáveis.
Além disso, os pesquisadores descobriram uma associação entre bactérias no intestino e peso corporal, os níveis de triglicerídeos e colesterol HDL. Mas não observaram relação entre as bactérias do intestino e o colesterol LDL ou colesterol total. Fu relatou ao Live Science que essa foi uma observação muito surpreendente porque os estudos epidemiológicos descobriram que os níveis de lipídios têm geralmente um elevado grau de correlação. Por exemplo, uma pessoa com um elevado nível de colesterol HDL muitas vezes tem um baixo nível de LDL.
Mas desde que o metabolismo lipídico é muito complicado, será preciso mais pesquisas para estabelecer o efeito de bactérias intestinais em tipos específicos de lipídios, bem como para compreender como a dieta pode alterar a composição microbiana. “A pesquisa sobre as bactérias do intestino ainda está em sua infância”, disse Fu. O microbioma intestinal é um sistema complexo que pode ser moldado pela dieta e meio ambiente, juntamente com outros fatores, ela explicou.
Alguns pesquisadores têm se referido à comunidade bacteriana no intestino humano como um “órgão extra” no corpo por causa de sua influência importante sobre a saúde de uma pessoa. Os cientistas podem, provavelmente, também chamar as bactérias do intestino como “o coração na barriga”, concluiu Fu.
Traduzido por Essentia Pharma
Fonte: http://www.livescience.com/52142-gut-bacteria-heart-health.html
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