A saúde da mulher durante a gestação tem impactos significativos tanto para ela quanto para o bebê. No entanto, sabemos que algumas condições podem surgir nesse momento e uma delas é a diabetes gestacional.
Neste artigo, vamos explicar o que é diabetes gestacional, os seus impactos para a mãe e para o bebê, os tratamentos recomendados e as principais formas de contribuir para a sua prevenção, favorecendo o bem-estar durante e depois da gravidez. Confira!
O que é a diabetes gestacional?
A diabetes mellitus gestacional, conhecida popularmente apenas por diabetes gestacional, é uma doença metabólica caracterizada por níveis elevados de açúcar no sangue durante a gestação. Isso ocorre quando o corpo não consegue produzir ou utilizar a insulina, hormônio envolvido no transporte da glicose do sangue para dentro das células, de forma eficaz.
Durante a gravidez, o organismo passa por diversas modificações metabólicas a fim de atender as demandas do bebê que está se formando. Essas alterações podem impactar o organismo da mulher propiciando, por exemplo, a resistência à insulina, o que favorece o surgimento da diabetes mellitus gestacional.
Esse quadro pode aparecer durante a segunda metade da gestação e, apesar de não apresentar causas específicas para o seu surgimento, alguns fatores de risco podem facilitar o seu desenvolvimento.
O que causa diabetes gestacional?
A causa exata da diabetes gestacional ainda não é totalmente compreendida, mas alguns estudos destacam que uma combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais podem contribuir para o quadro. Saiba quais são os principais:
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- Excesso de peso e obesidade pré-gravidez: a fim de fornecer energia e nutrientes para o bebê, é natural que a mulher apresente um aumento das reservas de gordura no corpo. Dessa forma, quando a gestante já apresenta, antes da gravidez, excesso de peso ou obesidade, esse aumento ponderal natural pode favorecer o surgimento da diabetes gestacional, além de outras complicações.
- Síndrome metabólica e dieta inadequada: a síndrome metabólica já é uma condição que favorece a resistência à insulina. Portanto, quando a gestante apresenta esse quadro e, junto com isso, possui uma dieta com alto consumo de doces, gorduras e alimentos processados, a incidência de desenvolver complicações na gravidez se intensifica significativamente.
- Síndrome do ovário policístico: a SOP é um distúrbio endócrino-ginecológico que, além de gerar diversos impactos na saúde da mulher, também está relacionada à resistência à insulina, podendo favorecer o aumento de glicose no sangue.
- Pré-eclâmpsia: essa condição está relacionada à intolerância à glicose, hiperglicemia e obesidade, fatores que podem aumentar significativamente os riscos da diabetes.
- Histórico familiar: muitas doenças estão relacionadas ao histórico familiar, e a diabetes gestacional é uma delas. Mulheres com familiares próximos que apresentam essa condição têm mais chances de desenvolver a doença.
Embora esses fatores possam aumentar a probabilidade, nem todas as mulheres com esses fatores de risco desenvolvem a condição, e algumas delas sem esses fatores podem desenvolvê-la.
Quais os principais sintomas?
Grande parte dos casos da diabetes gestacional são assintomáticos, sendo descobertos apenas por meio de exames de diagnóstico. No entanto, quando existem sintomas, os mais comuns são:
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- Cansaço excessivo;
- Aumento do apetite;
- Vontade frequente de urinar;
- Ganho excessivo de peso na gestante ou no bebê;
- Boca seca;
- Visão turva;
- Muita sede;
- Náuseas.
Como a diabetes gestacional impacta a saúde da mãe e do filho?
Pesquisadores identificaram que a diabetes gestacional não tratada pode apresentar alguns efeitos adversos tanto para a mãe quanto para o filho. O estudo, realizado com 4.697 mulheres e 4.832 crianças por cerca de 11 anos, revelou que os principais impactos estão relacionados à reincidência da doença nas mulheres e maiores riscos de sobrepeso e medidas antropométricas acima do ideal para as crianças. Veja:
Impactos para a mãe
A diabetes gestacional não tratada pode prejudicar o metabolismo da glicose nas mulheres. Dessa forma, gestantes diagnosticadas com a doença apresentaram mais chances de desenvolver diabetes tipo II no futuro.
Impactos para o filho
Já para as crianças, cerca de 19 em cada 100 apresentaram obesidade ou sobrepeso. Além disso, uma porcentagem maior de filhos de mães que tiveram diabetes gestacional apresentaram índices aumentados de adiposidade corporal.
Como é feito o diagnóstico da diabetes gestacional?
A diabetes mellitus gestacional é diagnosticada, na maioria das vezes, entre a 24ª e 28ª semana de gravidez por meio de exames. Em geral, é realizado o teste de tolerância à glicose oral (TTGO), no qual são realizadas 3 coletas de sangue na gestante, antes, durante e depois da ingestão de um líquido adoçado.
Se os níveis de glicose estiverem acima do limite considerado normal, pode indicar diabetes gestacional. Em outros casos, a doença também pode ser diagnosticada por meio de teste de glicose em jejum.
Quais as formas de tratamento da diabetes gestacional?
Após o diagnóstico, o médico elabora um plano de ação para o tratamento e controle da condição com a gestante. O documento Tratamento da Diabetes Mellitus Gestacional no Brasil, elaborado por iniciativa da Organização Pan-Americana de Saúde e da Organização Mundial da Saúde estabelece os principais métodos de tratamento utilizados:
Mudanças no estilo de vida
O primeiro passo é mudar o estilo de vida da futura mamãe. E isso acontece por meio da adoção de hábitos saudáveis, como:
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- Alimentação equilibrada: a orientação é que a gestante priorize refeições nutritivas. Isso inclui o consumo reduzido de açúcares e, preferencialmente, com maior consumo de alimentos in natura ou minimamente processados. Quando possível, buscar a recomendação de um nutricionista para uma orientação mais certeira;
- Realização de atividade física regularmente: praticar exercícios físicos traz benefícios significativos para a saúde como um todo. Quando não houver contraindicação médica, recomenda-se a realização de atividades de baixo impacto como caminhada, hidroginástica, pilates, natação, entre outras, por 20 a 30 minutos diários;
- Hidratação eficiente: a água é fundamental para o funcionamento de diversos órgãos, incluindo o pâncreas, responsável pela produção de insulina no organismo. Por isso, manter a hidratação na gestação é fundamental.
É importante mencionar, também, que essas medidas devem ser seguidas durante toda a vida, a fim de evitar que o quadro se estenda para diabetes tipo II no futuro.
Medicamentos
Além dos cuidados com a alimentação, a atividade física e o consumo de água, o uso de medicação pode ser necessário. Essa medida é empregada nos casos em que apenas a adoção de hábitos saudáveis não é capaz de controlar a doença.
Nesse cenário, o médico avalia qual a melhor conduta a ser adotada e, na maioria das vezes, a indicação não se estende para depois da gravidez.
Isso, porque após o parto e a saída da placenta espera-se que a resistência à insulina tenha uma redução significativa. Essa redução possibilita a descontinuação do uso de medicamentos logo após o nascimento do bebê.
Como prevenir a diabetes gestacional?
A diabetes gestacional pode surgir por inúmeros fatores, mesmo quando a gestante não apresenta condições prévias. Por isso, não é possível afirmar que exista prevenção total dessa condição.
No entanto, um ensaio clínico randomizado citou que intervenções no estilo de vida podem reduzir significativamente a incidência da doença. Além disso, podemos destacar, também, a importância do pré-natal com o papel de realizar orientações adequadas em relação às possíveis complicações e ser um importante elemento na descoberta precoce. Entenda:
Tenha um acompanhamento pré-natal
Se você está grávida ou pretende engravidar, não deve ser novidade a importância do acompanhamento pré-natal durante a gestação. Essas consultas podem iniciar mesmo antes da concepção, com o intuito de se preparar de forma adequada para essa fase.
Durante esse acompanhamento, a mulher consegue monitorar a sua saúde e a do bebê, o que faz com que seja possível prevenir complicações, como a diabetes gestacional, ou até mesmo possibilitar o tratamento precoce quando surgir alguma condição adversa, facilitando o controle eficiente.
Mantenha o ganho de peso adequado
Como você viu, a obesidade e o ganho de peso excessivo são fatores de risco para o desenvolvimento da diabetes gestacional. Por isso, manter o equilíbrio nesse aspecto e prezar pelo ganho de peso adequado permite que a gestante e o bebê tenham muitos benefícios durante e após a gravidez. Um deles, claro, é a prevenção de complicações como a diabetes gestacional e outras doenças comuns dessa fase.
O Ministério da Saúde do Brasil e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica – Abeso recomendam um ganho de peso específico para cada perfil e idade gestacional.
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- Saiba mais sobre essas recomendações acessando o conteúdo sobre ganho de peso na gestação.
Se alimente de forma equilibrada
Durante a gravidez, é natural que a gestante enfrente alguns desafios em relação a alimentação, já que os enjoos são frequentes e os desejos incomuns podem aparecer de forma repentina. No entanto, assim como esse ponto é fundamental no tratamento da diabetes gestacional, não seria diferente quando o assunto é a prevenção.
Prezar por uma alimentação saudável e rica em vitaminas, aminoácidos, fibras e minerais é fundamental durante a gestação para contribuir com a prevenção de doenças e favorecer a saúde como um todo, já que cada nutriente desempenha uma função significativa nesse período.
Para saber mais, siga sua leitura aqui no blog e entenda como uma boa alimentação na gravidez é ponto chave para o bem-estar da gestante e do bebê.