Existem trilhões de células em nosso corpo e a todo o momento um grande número delas está se dividindo para nos manter vivos. O processo é guiado pelos genes situados nos 23 pares de cromossomos encontrados no núcleo das células e que contêm todo o nosso material genético. Mas é na ponta dos cromossomos que está o maior interesse dos cientistas atualmente: os telômeros.
Quer saber o motivo? Acompanhe neste artigo qual a função dos telômeros no nosso organismo, sua relação com a saúde e a longevidade, porque diminuem ao longo da vida e como podemos cuidar deles.
Em linhas gerais, os telômeros são constituídos por delicados filamentos, localizados nas extremidades de cada cromossomo. Eles podem ser comparados às pontas plásticas de cadarços de sapato, pois evitam que ele “desfie”, ao mesmo tempo em que garantem a proteção do material genético.
Ainda, essas estruturas correspondem a regiões não codificantes do genoma e que consistem em longas séries de sequências curtas e repetidas, com importante papel na manutenção e integridade do DNA.
Como citamos acima, a sua principal função é proteger o material genético transportado pelos cromossomos, garantindo assim uma função celular saudável. Essa proteção é fundamental para que os cromossomos danificados não fiquem mal formados, exponham seu código genético ou unam as suas extremidades com outros.
Apesar da sua localização, eles não possuem nenhuma função genética. São considerados simplesmente alongamentos de DNA (repetições dos pares de base), que atuam na proteção do restante do cromossomo.
Por isso, manter a sua estabilidade é fundamental, pois evita a senescência replicativa, ou seja, a perda da capacidade das células normais de se dividirem.
Pesquisadores acreditam que, quando nascemos, nossos telômeros têm um comprimento definido que diminui conforme nossas células se dividem durante a vida. Logo, o tamanho dos telômeros indica diretamente a idade celular, ou a idade biológica, e por isso passaram a ser motivo para diversos estudos relacionados à longevidade.
Isso porque, com o encurtamento dos telômeros, as células atingem a senescência reprodutiva e não conseguem mais se dividir. As “pontas protetoras” (telômeros) ficam menores a cada divisão e os genes mais próximos a elas podem ser danificados. Os resultados são vários problemas de saúde relacionados ao avanço da idade e, principalmente, ao envelhecimento biológico.
Ainda, em 2009, Elizabeth Blackburn (Austrália), Carol Greider (EUA) e Jack Szostak (Inglaterra) receberam o Prêmio Nobel de Medicina ao descobrirem a função protetora dos telômeros e a enzima telomerase nos cromossomos.
Responsável pela regeneração e crescimento dos telômeros, a enzima telomerase catalisa a síntese e o crescimento do DNA telomérico, conferindo às células a capacidade de refazer os seus telômeros e recuperar o que foi perdido durante a replicação celular.
A descoberta abriu caminho para que outros pesquisadores avançassem ainda mais em trabalhos científicos, relacionando os telômeros ao envelhecimento celular e ao surgimento de doenças.
Estudos relacionam o encurtamento dos telômeros com uma série de doenças crônicas, como:
Além disso, outros distúrbios de saúde e vícios, como processos inflamatórios, fumo, alcoolismo e dependência de drogas, podem estar relacionados a telômeros curtos.
Ainda, o tamanho dos telômeros pode estar associado a eficiência do sistema imune. Um estudo demonstrou isso na prática ao medir o tamanho dos telômeros dos glóbulos brancos de 156 pessoas saudáveis de 18 a 55 anos de idade. Após administrarem algumas gotas nasais com o vírus do resfriado comum, observou-se que quanto menor os telômeros dos linfócitos, maior o risco de ter a infecção.
Um ponto contraditório, no entanto, é a relação entre o tamanho dos telômeros e o câncer. Por um lado, o encurtamento dos telômeros pode levar à formação de um tumor, devido à instabilidade cromossômica. Por outro, as células tumorais precisam reativar a telomerase para ganhar capacidade “imortal”.
O encurtamento acontece porque a maioria das células somáticas normais para de sintetizar a telomerase, enzima que confere às células a capacidade de refazerem seus telômeros e recuperar a perda que acontece a cada replicação celular. É como se a cada vez que um novelo de lã fosse desfeito, alguém o enrolasse novamente.
Porém, com o tempo a atividade da telomerase diminui naturalmente. Conforme pesquisas, fatores como o estresse crônico e situações traumáticas podem fazer com que o encurtamento dos telômeros seja acelerado.
A diminuição no comprimento dos telômeros também pode estar associada ao estresse oxidativo, inflamação crônica, índice de massa corporal, medicamentos, terapias hormonais e falta de atividade física.
No entanto, há dois tipos de células que possuem a atividade da telomerase aumentada e, assim, são consideradas “imortais”: são as células cancerosas e as células sexuais masculinas. A particularidade dessa, por exemplo, faz com que homens se mantenham férteis por toda a vida.
Diversas substâncias estão sendo pesquisadas e avaliadas para intervir no processo de envelhecimento. Os mecanismos de ação geralmente estão relacionados com a capacidade de estimular a enzima telomerase, aumentar a quantidade dos telômeros ou simplesmente alongá-los, a fim de diminuir a frequência com que as células morrem.
Uma vez que o estresse oxidativo é um dos principais mecanismos de destruição da telomerase, algumas dessas substâncias estudadas são as que possuem ação antioxidante, como por exemplo, uma forma específica de vitamina C, chamada ascorbato de magnésio fosfato, e o extrato de chá verde, rico em polifenóis, sobretudo na forma de galato de epigalocatequina.
A combinação das vitaminas e ácidos graxos da família ômega-3 também contribui para reduzir o processo de envelhecimento, pois são nutrientes usados pelo nosso corpo em situações estressantes. Logo, não ficam disponíveis para estimular a atividade da telomerase e proteger os cromossomos, sendo necessária a sua reposição por meio da alimentação ou suplementação.
Já existem formas de medir o tamanho dos telômeros por meio de exames de sangue e também o uso de ativadores de telomerase, como forma de estimular o aumento dos telômeros comprometidos.
Um exemplo é o composto natural extraído das raízes da Astragalus membranaceus, planta chinesa utilizada pela capacidade de ativar a telomerase e retardar os processos degenerativos ao envelhecimento.
Vale ressaltar ainda que um estilo de vida saudável, por meio da prática de atividades físicas, alimentação equilibrada, controle do peso corporal e cuidado com a saúde mental são práticas que podem contribuir para a manutenção ou mesmo aumento dos telômeros e o equilíbrio das funções celulares.
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