Durante a infância, o corpo está em uma fase crucial de desenvolvimento e crescimento, inclusive na formação da microbiota intestinal. Também chamada de flora intestinal, ela consiste em um complexo de espécies de microrganismos que vivem no nosso trato digestivo.
A composição dessa microbiota nos primeiros anos de vida pode influenciar não apenas o equilíbrio intestinal, mas também aspectos mais amplos da saúde, como a função imunológica e a prevenção de doenças ao longo da vida.
É nesse momento que os probióticos para crianças exercem um papel significativo, ajudando nesse equilíbrio e impactando toda a saúde e bem-estar dos pequenos. Continue a leitura e saiba mais sobre a importância desses microrganismos e como incluir na alimentação.
Probióticos são microrganismos vivos que contribuem positivamente para a saúde humana. O termo é derivado do latim, significando “em prol da vida”. Quando consumidas de maneira adequada, essas “bactérias do bem”, como são conhecidas, ajudam a manter a microbiota intestinal saudável.
Isso colabora para o bom funcionamento de todo o corpo, auxiliando na digestão, diminuindo desconfortos e distúrbios gastrointestinais, reforçando o sistema imunológico e contribuindo para a prevenção e tratamento de algumas condições de saúde.
Os probióticos atuam reequilibrando a microbiota intestinal, favorecendo o crescimento das bactérias benéficas. É que o intestino abriga “bactérias boas”, “bactérias ruins” e “neutras” – que podem se comportar de acordo com o ambiente.
Quando o equilíbrio é afetado por fatores como alimentação pouco nutritiva (rica em açúcares e pobre em fibras, por exemplo) ou doenças, algumas bactérias podem se multiplicar mais do que o desejável, agravando os problemas de saúde.
Por outro lado, em um ambiente saudável, essas bactérias estão presentes em concentrações benéficas, contribuindo para um ecossistema intestinal equilibrado e reforçando a saúde geral.
A formação da microbiota começa no período pré-natal e continua a se desenvolver nos primeiros anos de vida, sofrendo diversas influências externas. A via de nascimento, por exemplo, é um dos fatores que contribuem com isso, sendo o parto vaginal muito positivo na colonização de microrganismos benéficos.
O aleitamento materno ou o uso de fórmulas infantis e a introdução alimentar também são aspectos que influenciam no desenvolvimento da microbiota do bebê.
O uso de probióticos pela mãe gestante e pela criança, quando necessário, é uma forma de ajudar a manter ou restaurar o equilíbrio das bactérias benéficas no intestino desde o início da vida. Com isso, muitas vantagens podem ser observadas. Confira as principais:
Como você viu, os probióticos contribuem com a formação da microbiota intestinal. Mas qual a ligação dessa área do corpo com a imunidade? É que cerca de 70% das células do sistema imunológico estão associadas ao trato gastrointestinal, fazendo com que o intestino desempenhe um papel crucial nessa regulação.
Além disso, algumas bactérias da microbiota intestinal também produzem o muco que reveste as paredes intestinais, ajudando a impedir que patógenos atinjam a circulação sanguínea e facilitando a passagem de nutrientes.
A cólica em bebês é muito comum, mas ainda não é totalmente compreendida. Estudos indicam que algumas cepas de lactobacilos podem ajudar a reduzir a cólica em bebês que são alimentados exclusivamente com leite materno.
Na pesquisa, bebês com idades entre 4 e 12 semanas receberam uma dose diária de duas cepas de lactobacilos, além de um pouco de fibra e vitamina D3, por 28 dias. Outro grupo de bebês recebeu apenas a vitamina D3. Os tempos de choro e desconforto foram medidos no início e ao final do estudo.
No início, os dois grupos choravam por tempos semelhantes. Após 28 dias, o tempo de choro no grupo que recebeu os probióticos foi significativamente menor do que no grupo controle. Isso sugere que os lactobacilos podem ajudar a reduzir o choro e o desconforto em bebês que têm cólica, oferecendo um suporte importante para esses pequenos e suas famílias.
Os probióticos também podem ser benéficos na redução dos sintomas da síndrome do intestino irritável (SII). Em um estudo, crianças de 4 a 18 anos diagnosticadas com a condição foram divididas aleatoriamente para receber probióticos ou placebo por 6 semanas, com controles quinzenais, e depois trocaram de grupo após um período de 2 semanas.
Ao final do estudo, foi observado que os probióticos foram significativamente mais eficazes do que o placebo na melhora de sintomas principais como dor abdominal, inchaço e qualidade de vida segundo avaliação familiar.
Casos leves a moderados de colite ulcerativa também podem ser tratadas com probióticos para manutenção da remissão da doença. É o que concluiu uma pesquisa com 30 crianças recém-diagnosticadas. Elas foram divididas em dois grupos: um recebeu probiótico com terapia padrão e o outro, placebo com a mesma terapia.
Após um ano de acompanhamento, o grupo do probiótico apresentou uma taxa de remissão significativamente maior (92,8% vs. 36,4%) e menor índice de recaída (21,4% vs. 73,3%) em comparação ao grupo placebo, além de melhores resultados endoscópicos e histológicos sem efeitos adversos.
A doença celíaca (DC) altera o equilíbrio das bactérias intestinais, mas algumas cepas do tipo Bifidobacterium têm mostrado potencial anti-inflamatório e podem ajudar a melhorar essa condição.
Um estudo que analisou o efeito de um suplemento probiótico com duas cepas de Bifidobacterium breve em crianças celíacas seguindo dieta sem glúten, apresentou resultados promissores.
Após três meses de uso, as crianças com DC que tomaram o probiótico apresentaram uma melhora no equilíbrio bacteriano do intestino, com aumento de bactérias benéficas e restauração do equilíbrio saudável, sugerindo que o suplemento ajuda a reequilibrar a microbiota.
A dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória crônica da pele, marcada por lesões recorrentes e coceira intensa, com prevalência crescente especialmente em crianças. Nos últimos anos, o uso de probióticos para crianças na prevenção da DA tem despertado grande interesse, inclusive sendo aprovada pela Organização Mundial de Alergia (WAO).
Isso, porque a microbiota intestinal pode influenciar as respostas inflamatórias e imunológicas. Ou seja, quando saudável, ajuda a prevenir a aparição e o desenvolvimento de alergias. Vários estudos sobre o uso de probióticos administrados tanto para mães durante a gravidez e lactação quanto para crianças mostraram resultados encorajadores.
Os probióticos para crianças também podem ser usados na prevenção de diarreia de forma geral.
Em um ensaio clínico randomizado controlado por placebo com 350 crianças em terapia antibiótica, a suplementação de um probiótico multiespécies reduziu o risco geral de diarreia em comparação ao placebo (32,3% versus 20,9%, respectivamente), uma diferença estatisticamente significativa. Além disso, houve uma redução no risco geral de diarreia durante 7 dias após o tratamento com antibióticos.
No caso da diarreia aguda, evidências também mostram que probióticos podem reduzir o tempo de duração da doença. Para investigar isso, foi realizada uma pesquisa com uma cepa de Bacillus clausii em duas clínicas na Índia com crianças de seis meses a cinco anos com diarreia aguda. Concluiu-se que o probiótico ajudou a diminuir a duração e a frequência da diarreia, mostrando ser uma alternativa segura e eficaz para esse tratamento.
Ainda, ao reduzir a duração da diarreia e acelerar a recuperação nutricional, os probióticos podem ser úteis no tratamento de crianças com desnutrição aguda grave. Em um estudo sobre o tema, crianças tratadas com probióticos tiveram menos dias de diarreia e as que desenvolveram diarreia recuperaram-se nutricionalmente mais rápido.
As infecções respiratórias (RTIs) como otite, sinusite, amigdalite e resfriado, são recorrentes em crianças menores de 5 anos e, por isso, é constante a busca por alternativas que combatam esses problemas de saúde.
O uso de probióticos, por sua vez, parece ser eficaz na redução da incidência dessas condições e na melhora da resposta imunológica. Isso se dá devido às suas amplas ações no sistema imunológico.
A criança pode receber probióticos por meio de alguns tipos de alimentos e suplementos manipulados. Confira os principais:
O leite materno possui naturalmente em sua composição probióticos importantes para a formação da microbiota intestinal do bebê, além de prebióticos que promovem o crescimento e proliferação dessas bactérias benéficas no intestino. Por isso, a amamentação é uma das principais formas de oferecer esses nutrientes aos pequenos desde o início da vida.
Os produtos lácteos fermentados contêm probióticos em sua composição e podem ser opções interessantes para integrar a alimentação das crianças.
Entretanto, ao escolher, procure por produtos que especifiquem a presença de culturas probióticas e que contenham ingredientes naturais, evitando opções com alto teor de açúcar adicionado ou outros ingredientes pouco nutritivos. Alguns exemplos de produtos lácteos fermentados, são:
Lembre-se que em caso de dúvida sobre a introdução de novos alimentos na dieta de uma criança, especialmente para aquelas com condições de saúde específicas, é recomendado sempre consultar um pediatra ou nutricionista.
Os probióticos para crianças também podem ser manipulados de acordo com a necessidade individual e indicação médica. No entanto, sabemos que a administração de suplementos para os pequenos pode ser um desafio. Por isso, quando houver recomendação do médico ou nutricionista, saiba que existem formas farmacêuticas que podem facilitar a aceitação das crianças.
Um exemplo são os sachês e as cápsulas sprinkle, que são opções com fácil sistema de abertura para despejar o conteúdo em água ou diretamente em alimentos, facilitando a ingestão.
Além dessas, outras alternativas podem contribuir para melhorar a adesão aos medicamentos. Acesse o conteúdo sobre formas farmacêuticas para crianças e saiba mais!
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