A resistência à insulina é um aviso silencioso de que o corpo precisa de cuidado, e o tratamento precoce dessa condição pode trazer grandes benefícios à saúde, especialmente na prevenção do diabetes mellitus tipo 2.
Neste texto, você vai entender o que é a resistência à insulina, quais são os sinais mais comuns, como é realizado o diagnóstico e, principalmente, o que pode ser feito para prevenir e tratar. Confira!
A resistência à insulina é definida como a incapacidade das células do corpo de responder aos níveis desse hormônio.
Para entender melhor esse mecanismo, é necessário compreender que a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e liberado quando o nível de glicose (açúcar do sangue) aumenta. A insulina funciona como uma “chave” que controla a entrada de glicose nas células, onde será usada como energia imediata ou armazenada como estoque energético, principalmente nos músculos e na gordura.
Quando há resistência à insulina, mesmo que haja grande quantidade desse hormônio circulando, as células têm dificuldade em responder adequadamente a ele, dificultando a entrada da glicose. Diante disso, o organismo tenta compensar produzindo ainda mais insulina, o que pode sobrecarregar o pâncreas e, caso não haja tratamento, evoluir para diabetes tipo 2.
Ainda não se sabe exatamente o que causa a resistência à insulina, entretanto, a ciência mostra que alguns fatores podem influenciar. Um dos principais é o acúmulo de gordura corporal. Algumas substâncias produzidas quando há muita gordura no organismo atrapalham a ação da insulina e, consequentemente, o funcionamento adequado das células.
Ou seja, a resistência à insulina não possui uma única causa, mas sim uma combinação de fatores de risco, veja os principais:
Muitas vezes a resistência à insulina não apresenta sintomas claros e pode passar despercebida. Porém, algumas pessoas podem apresentar alguns sintomas que costumam ser semelhantes aos do diabetes:
O diagnóstico da resistência à insulina é feito por meio de avaliação e acompanhamento médico. Em geral, o profissional avalia os sintomas relatados pelo paciente e, posteriormente, solicita exames para a comprovação do diagnóstico, como, por exemplo:
Como você viu, a resistência à insulina é quando o corpo não responde aos efeitos desse hormônio no organismo e, como consequência, o pâncreas eleva a sua produção. O pré-diabetes, por sua vez, é quando os níveis de glicose no sangue estão acima do normal, mas ainda não atingem os critérios para o diagnóstico do diabetes mellitus tipo 2.
Mas, então, qual a relação entre as duas condições? Quando a resistência à insulina não é tratada, pode haver aumento dos níveis de glicose no sangue, pois ela não consegue entrar nas células e permanece na circulação. Isso favorece o surgimento do pré-diabetes.
Portanto, a resistência à insulina é considerada um dos principais fatores que contribuem para o desenvolvimento do pré-diabetes, mas nem toda pessoa com essa condição chegará a esse estágio. Por outro lado, quase todos os casos de pré-diabetes envolvem algum grau de resistência à insulina, associada a uma redução da função das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina.
A resistência à insulina pode se manifestar de formas diferentes em cada pessoa. Isso depende do tempo em que ela está presente, da capacidade do pâncreas de produzir insulina e da predisposição individual a desenvolver outras condições associadas.
Entre as principais doenças e complicações ligadas à resistência à insulina, destacam-se:
A resistência à insulina pode ser prevenida com mudanças simples, porém consistentes, nos hábitos de vida. Veja as principais atitudes que auxiliam na prevenção:
A alimentação tem um papel central na prevenção da resistência à insulina. Diversos estudos mostram que o que colocamos no prato influencia diretamente o funcionamento do metabolismo e a resposta do corpo à insulina. Por isso, é importante investir em hábitos alimentares equilibrados, com foco na qualidade dos alimentos.
Frutas, legumes, grãos integrais, nozes e leguminosas fornecem fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes que favorecem o controle da glicemia, aumentam a sensibilidade à insulina e reduzem inflamações.
Por isso, um padrão alimentar composto majoritariamente por alimentos vegetais está associado a menor risco de pré-diabetes e diabetes tipo 2. Ainda assim, é essencial garantir variedade e equilíbrio para evitar deficiências nutricionais.
A dieta mediterrânea também merece destaque. Baseada em alimentos como azeite de oliva, peixes, vegetais e oleaginosas, ela tem sido associada à melhora do controle glicêmico, à redução da resistência à insulina e à manutenção do peso corporal.
Estudos em animais apontam que os açúcares naturalmente presentes nas frutas não costumam ter efeitos ruins no metabolismo da glicose, pois além de estarem presentes em menor concentração, esses alimentos também trazem consigo uma grande quantidade de fibras, vitaminas, minerais e compostos bioativos que são benéficos à saúde.
Entretanto, os açúcares adicionados – comuns em refrigerantes, sucos industrializados, bolachas, doces e alimentos ultraprocessados, quando consumidos em excesso e com frequência, estão associados aos picos de glicose, à inflamação, ao ganho de peso e a um maior risco de complicações cardíacas e renais, devendo ser evitados no dia a dia.
Praticar atividade física regularmente é uma forma eficaz de melhorar a resistência à insulina e ajudar na perda de peso, quando necessária.
Uma metanálise que analisou diversas pesquisas com crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade mostrou que aquelas que aderiram à prática de atividade física melhoraram diversos parâmetros em comparação às que permaneceram sedentárias. Os principais benefícios observados foram redução da glicose em jejum e dos níveis de insulina, melhora na sensibilidade à insulina (o corpo usa melhor esse hormônio) e perda de peso.
O tecido adiposo em pessoas com sobrepeso ou obesidade libera substâncias inflamatórias e ácidos graxos (gordura), o que impacta na produção de insulina no organismo e, consequentemente, pode aumentar os riscos de desenvolver resistência a esse hormônio.
Um estudo acompanhou adultos com sobrepeso e obesidade durante dois anos, investigando a relação entre a redução de peso com a resistência à insulina e a pressão arterial.
Ao final do estudo, após intervenções na alimentação que tiveram como objetivo o emagrecimento, foi destacado que a perda de peso melhorou significativamente a resistência à insulina, se tornando uma estratégia relevante para a melhora e prevenção da condição.
Assim como para a prevenção, o principal tratamento para a resistência à insulina também é a mudança no estilo de vida, principalmente relacionado à alimentação. Isso inclui algumas ações específicas no dia a dia, como:
Além dos cuidados com a alimentação, a prática regular de atividade física também é essencial no tratamento. Em um estudo com pessoas que realizaram exercícios moderados por 15 minutos após uma refeição, foi identificado que durante a prática houve um aumento na sensibilidade à insulina, além de contribuir para que o corpo utilizasse mais glicose nos músculos.
Apesar de menos comum, em alguns casos específicos, em conjunto com as mudanças no estilo de vida, pode ser indicado o uso de medicamentos para ajudar no controle da glicemia, sempre sob orientação médica.
Diversos compostos naturais e nutrientes vêm sendo estudados como aliados no controle da resistência à insulina, na prevenção do diabetes tipo 2 e no cuidado de condições associadas.
A seguir, você confere uma visão geral sobre os principais nutrientes e compostos com potencial terapêutico e seus benefícios para o metabolismo da glicose, sensibilidade à insulina e saúde hormonal.
A vitamina D3 (colecalciferol), uma das formas mais conhecidas desse micronutriente, é obtida por meio da exposição ao sol, da suplementação e do consumo de alguns tipos de peixes. Muito popular por fortalecer os ossos e o sistema imunológico, esse micronutriente possui efeitos importantes em todo o organismo.
Pesquisas mostram que baixos níveis de vitamina D estão associados à maior resistência à insulina. Isso acontece porque o nutriente apoia o funcionamento do pâncreas, reduz a inflamação, aumenta os receptores de insulina das células e está envolvido no controle dos hormônios de apetite e saciedade, favorecendo o metabolismo e potencialmente auxiliando no controle de peso.
A suplementação de altas doses de vitamina D em indivíduos com deficiência do nutriente e com pré-diabetes levou à melhora da sensibilidade à insulina (medida pelo HOMA-IR) e diminuiu o risco de progressão para diabetes em comparação àqueles que receberam placebo.
A berberina é uma substância natural extraída de plantas e parece ter efeitos no controle glicêmico. As pesquisas mostram que, após o uso dessa substância por 84 dias, foi detectada uma redução no teste HOMA-IR, indicando melhora na resistência à insulina em indivíduos com pré-diabetes.
Com isso, a berberina pode ser considerada um ativo interessante na melhora da condição em pessoas em estágio inicial da resistência à insulina e que não apresentavam diagnóstico de diabetes.
O resveratrol é um polifenol presente em alimentos como uvas vermelhas, framboesas, chocolate amargo e vinho tinto. Já estudado por suas funções em diferentes regiões do organismo, também parece ter efeitos na insulina, especialmente em pessoas com diabetes mellitus.
Em um estudo, pacientes com diabetes tomaram 200mg/dia de resveratrol ou placebo durante 24 semanas. O grupo que usou o suplemento teve melhorias importantes: redução na glicose e na insulina e diminuição da resistência à insulina, da inflamação e do estresse oxidativo – fatores que contribuem para as complicações do diabetes.
Há estudos mostrando que o magnésio pode ajudar no controle do açúcar no sangue. Por isso, pesquisadores analisaram vários deles para entender melhor os impactos dessa suplementação.
Em pessoas com alto risco de diabetes, o magnésio ajudou a diminuir os níveis de glicose do sangue e a melhorar a sensibilidade à insulina, o que significa que o corpo passou a usar melhor esse hormônio.
A curcumina, substância presente na cúrcuma (ou açafrão-da-terra), tem mostrado efeitos positivos no controle da glicose e em condições metabólicas como o pré-diabetes e a síndrome dos ovários policísticos (SOP), fatores associados à resistência à insulina.
Em pessoas com pré-diabetes, um estudo concluiu que a suplementação com curcumina ajudou a evitar a progressão para o diabetes tipo 2. Nenhum dos participantes que usou a substância desenvolveu a doença durante a pesquisa, enquanto 16,4% dos que receberam placebo tiveram progressão para o DM2.
Além disso, houve melhora no funcionamento das células que produzem insulina, redução da resistência à insulina e aumento dos níveis de adiponectina, um composto anti-inflamatório que parece contribuir para o equilíbrio do açúcar no sangue.
No caso da SOP, a curcumina também demonstrou ser eficaz por meio de uma análise de estudos. Graças às suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, ela contribuiu para a redução do índice de massa corporal, da glicemia em jejum, dos níveis de insulina e de indicadores de resistência à insulina. Houve ainda aumento da sensibilidade à insulina.
A canela, além do seu uso culinário, é rica em compostos antioxidantes, como flavonoides e polifenóis. A ciência explica que essa especiaria pode ajudar a melhorar a ação da insulina no organismo, facilitando a entrada de glicose nas células e contribuindo para a redução dos níveis de açúcar no sangue.
Estudos mostram que o uso de extrato ou cápsulas de canela pode diminuir a glicemia em jejum, reduzir a resistência à insulina e melhorar o metabolismo da glicose. Em mulheres com SOP, a canela também demonstrou efeitos benéficos na regulação hormonal e, em alguns casos, no retorno do ciclo menstrual.
Inositóis são tipos de carboidratos presentes naturalmente em alimentos como frutas, grãos integrais, leguminosas e também podem ser produzidos pelo próprio organismo. Seus derivados, especialmente o mio-inositol e o ácido fítico (IP6), têm chamado atenção por seus possíveis benefícios à saúde.
Pesquisas sugerem que essas substâncias podem ajudar a reduzir a resistência à insulina e aumentar a sensibilidade do corpo a ela. De acordo com os estudos realizados com animais, os inositóis podem estimular a “transformação” de células de gordura branca em um tipo mais ativo, a gordura marrom, ajudando o organismo a gastar mais energia.
O ômega-3 tem sido amplamente estudado por seus possíveis benefícios no controle de distúrbios metabólicos. Em um estudo com pessoas com alto risco para diabetes, a suplementação com ômega-3 resultou em redução significativa da resistência à insulina e dos triglicerídeos.
No contexto da síndrome do ovário policístico, o uso do ômega-3 também tem mostrado benefícios indiretos, como melhora nos perfis lipídico, glicêmico e na regulação hormonal.
Probióticos são microrganismos vivos que beneficiam a saúde intestinal, enquanto prebióticos são fibras que “alimentam” essas bactérias boas, ajudando na manutenção da flora do intestino. Ambos podem ter efeitos positivos na resistência à insulina tanto isoladamente quanto combinados.
Uma metanálise avaliou o efeito de probióticos e simbióticos (suplemento que combina pré e probióticos) sobre a resistência à insulina em mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP). Na pesquisa, a suplementação com ambos ajudou a reduzir a resistência à insulina, medida pelo índice HOMA e pela insulina sérica.
Extraída do cardo-mariano, a silimarina tem se destacado no suporte ao tratamento de distúrbios metabólicos, como o diabetes e a dislipidemia (alteração nos níveis de colesterol e triglicerídeos).
Uma metanálise mostrou que sua suplementação pode ajudar a reduzir a glicose em jejum, melhorar a resistência à insulina e diminuir os níveis de hemoglobina glicada.
Além disso, estudos sugerem que esse fitoterápico também pode atuar no controle do colesterol, da glicemia e do estresse oxidativo. Continue a leitura no blog e descubra todos os efeitos da silimarina na saúde.
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