A combinação de alimentos e nutrientes corretos ajuda a diminuir ou manter a pressão arterial sob controle.
A hipertensão arterial é uma epidemia silenciosa, afeta entre 25,2% a 41,1% da população brasileira, sendo mais prevalente em mulheres, especialmente após a menopausa. Representa maior influência sobre o risco de doenças cardiovasculares do que tabagismo, hipercolesterolemia, hiperglicemia e obesidade, além de ser um fator de risco para estas doenças e problemas renais(1).
Nas últimas décadas, o Brasil e outros países em desenvolvimento passaram por uma transição nutricional em que o padrão alimentar baseado no consumo de cereais, leguminosas, raízes e tubérculos foi modificou-se para uma alimentação rica em gorduras e açúcares, e essas mudanças nos padrões de consumo têm colocado a população em maior risco para doenças crônicas(3).
Pesquisas sugerem efeito importante da ingestão de hortaliças e frutas para controlar o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e outras morbidades. Desta forma, um consumo insuficiente destes alimentos contribui para aumentar o risco de doenças crônicas não-transmissíveis, como a hipertensão arterial. A importância das frutas e hortaliças na alimentação é destacada pelo fato de que estas se constituem em fontes de minerais, vitaminas, fibras alimentares, antioxidantes e fitoquímicos que protegem o organismo contra o estresse oxidativo(3). Este processo decorre da existência de um desequilíbrio entre compostos oxidantes e antioxidantes, em favor da geração excessiva de radicais livres ou em detrimento da velocidade de remoção desses(2).
De acordo com evidências científicas, certos nutrientes auxiliam a reduzir a pressão sanguínea. São eles:
Pomegranate: Estudos laboratoriais preliminares demonstraram que o extrato de romã foi responsável por reduzir fatores de risco de doenças cardiovasculares, incluindo a oxidação de LDL e de macrófagos. Componentes denominados punicalaginas foram identificados como os responsáveis pela redução do estresse oxidativo, devido a sua capacidade de “varrer” radicais livres do organismo(5). Um estudo em especial demonstrou que o Pomegranate pode inibir a enzima conversora da angiotensina (ECA), que faz a conversão de angiotensina I em angiotensina II (potente constritor dos vasos sanguíneos), reduzindo a atividade da ECA em 36% e da pressão sistólica em 5% (4).
Grape seed: As proantocianidinas presentes no extrato de Vitis vinifera L promovem o relaxamento dos vasos sanguíneos, reduzindo a pressão sistólica e diastólica. Uma meta-análise realizada pela Yale School of Medicine (EUA) com estudos randomizados e controlados relatou a redução significativa da pressão sistólica e freqüência cardíaca em humanos(6).
Arginina: Dilata os vasos sanguíneos através da produção de óxido nítrico, molécula mensageira-chave envolvida na regulação vascular, pois reduz a pressão sistólica e diastólica. Uma meta-análise divulgada na Revista Brasileira de Medicina do Esporte em 2006 sugere uma real eficácia da administração oral do aminoácido L-arginina na reversão dos efeitos cardiovasculares induzidos pela inibição da enzima NO-sintase. Além disso, os autores desse estudo sugerem que a L-arginina possa ser utilizada futuramente como um agente de prevenção de risco cardiovascular, assim como na melhora da performance atlética, reabilitação cardíaca ou prevenção de risco cardiovascular em pacientes pós-infarto ou hipertensos(7).
Magnésio: Age como um bloqueador natural do canal de cálcio em terminações nervosas e, assim, inibe a liberação de norepinefrina e reduz a pressão sanguínea. Redução significativa na pressão tanto sistólica como diastólica(8). Uma combinação entre vitaminas E e C e minerais como magnésio e zinco, mostrou-se muito eficaz em pacientes com diabetes tipo 2, reduzindo a pressão sistólica em 8 mmHg e a diastólica em 6 mmHg(9).
Potássio: Reduz o volume de sangue e pressão sanguínea através do aumento da excreção de sódio pelos rins. Embora estudos demonstrem redução da pressão arterial no tratamento com potássio, os benefícios foram significativos em indivíduos com dieta rica em sal. Dessa forma, o consumo balanceado desses nutrientes mostra-se eficaz para controle e tratamento da hipertensão arterial (10).
Hábitos de vida saudáveis incluem, além de atividade física pelo menos 3 vezes por semana, uma dieta balanceada que contem os nutrientes necessários para manter a pressão arterial sob controle. No entanto, motivos como falta de tempo, preguiça ou desestímulo em consumir alimentos fonte de magnésio e potássio, por exemplo, são utilizados como pretextos para indivíduos evitarem a adesão a uma alimentação saudável. Em um tratamento inicial, a utilização de suplementos junto à boa orientação sobre alimentação saudável de um profissional da saúde, é uma saída para bons resultados iniciais e um estímulo para que o indivíduo prossiga com a melhora dos seus hábitos de vida.
Referências:
(1) de Oliveira EP. A variedade da dieta é fator protetor para a pressão arterial sistólica elevada. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Arq. Bras. Cardiol. vol.98 no. 4 São Paulo Apr. 2012 2 Revista de Nutrição.
(2) Barbosa KBF. Estresse oxidativo: conceito, implicações e fatores modulatórios. Rev. Nutr. vol.23 no.4 Campinas July/Aug. 2010
(3) Martins, M.P.S.C. Consumo Alimentar, Pressão Arterial e Controle Metabólico em Idosos Diabéticos Hipertensos. Rev Bras Cardiol. 2010; 23(3):162-170.
(4) Aviram M, Dornfeld L. Pomegranate juice consumption inhibits serum angiotensin converting enzyme activity and reduces systolic blood pressure. Atherosclerosis, Volume 158, Issue 1 , Pages 195-198, September 2001.
(5) PedrialiI CA, et al. Antioxidant activity, cito- and phototoxicity of pomegranate (Punica granatum L.) seed pulp extract. Ciênc. Tecnol. Aliment. vol.30 no.4 Campinas Oct./Dec. 2010
(6) Feringa HH, Laskey DA, Dickson JE, Coleman CI. The effect of grape seed extract on cardiovascular risk markers: a meta-analysis of randomized controlled trials. J Am Diet Assoc. 2011 Aug;111(8):1173-81.
(7) Ramos L, et al. Efeito da administração oral de arginina sobre a pressão arterial e parâmetros cardíacos em ratos submetidos ao bloqueio crônico da síntese de óxido nítrico. Rev Bras Med Esporte, Vol. 12, Nº 4 – Jul/Ago, 2006.
(8) Shimosawa, T., Takano, K., Ando, K., Fujita, T. Magnesium Inhibits Norepinephrine Release by Blocking N-Type Calcium Channels at Peripheral Sympathetic Nerve Endings Hypertension. 2004;44:897-902;
(9) Farvid, M.S., Jalali, M., Siassi, F., Saadat, N., Hosseini, M. The Impact of Vitamins and/or Mineral Supplementation on Blood Pressure in Type 2 Diabetes. Journal of the American College of Nutrition, Vol. 23, No. 3, 272–279 (2004).
(10) van Bommel, E., Cleophas, T. Potassium treatment for hypertension in patients with high salt intake: a meta-analysis. Int J Clin Pharmacol Ther. 2012 Jul;50(7):478-82.
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